Disco: “Freaking Out EP”, Toro Y Moi

/ Por: Cleber Facchi 03/09/2011

Toro Y Moi
Electronic/Chillwave/Indie
http://www.myspace.com/toroymoi

 

Por: Cleber Facchi

Mesmo antes ao lançamento de Underneath The Pine, Chazwick Bundick deixava claro que os rumos a serem desenvolvidos através do Toro Y Moi seriam completamente outros em comparação ao que fora experimentado um ano antes por meio do quase etéreo Causers Of This. Longe das batidas instáveis, reverberações lânguidas e vocais picotados que inundavam seu álbum de estreia ou mesmo todos seus singles anteriores, o produtor norte-americano abraçava de vez a música pop ou um tipo de som que tecnicamente se aproximava disso, transformando seu mar de experiências abafadas e ritmos sincopados em um tratado de pura excentricidade radiofônica e até mesmo comercial.

Seguindo pelo exato mesmo rumo de seu segundo e mais recente álbum, Bundick traz agora mais um pequeno exemplar de toda sua sapiência musical. Com o mais do que condizente nome de Freaking Out EP (2011, Carpark Records), o novo registro do produtor vindo da Carolina do Sul mantém as mesmas frequências instrumentais esquizofrênicas de suas obras anteriores, porém, cada vez mais afundado em ressonâncias que parecem feitas para se aproximar do grande público, como se o Toro Y Moi de agora nem fosse o mesmo responsável por há um ano nos hipnotizar com faixas como Talamak e Blessa.

Com uma produção que cada vez o aproxima mais de outros rótulos e ritmos que não os da famigerada Chillwave, em seu atual EP as predisposições eletrônicas parecem lentamente se afastar do centro da obra de Bundick, com um investimento cada vez maior no uso de instrumentos musicais e não no uso emulado de samplers. Na mesma medida os vocais agora ganham outros aspectos, não são mais empregados como se fossem instrumentos ou elementos desenvolvidos para serem aplicados de maneira quebrada e instável. Se antes a voz chegava tomada de delay, como se projetada em ondas, agora o investimento é contrário, em sons cada vez mais límpidos e tomados de contornos bem definidos.

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Apenas a calorosa e suingada canção de abertura, All Alone, e seus pouco menos de quatro minutos de duração já evidenciam muito do que será compreendido ao longo do álbum, bem como no que devemos encontrar nos futuros próximos trabalhos de Bundick. Tomada por uma aura que emana de forma nostálgica os sons e tendências dos anos 80, a canção brinca com os ritmos eletrônicos, porém surge como se fosse tocada por uma banda, como se o antes solitário personagem que  conduzia todos os anteriores registros do Toro Y Moi já não estivesse mais lá. Radiante a canção monta a deixa para que a autointitulada faixa seguinte possa brilhar na mesma medida, com o jovem produtor mandando um de seus melhores tratados comerciais.

Dividida entre o passado recente de Bundick e suas novas experiências musicais, Sweet talvez seja a faixa que melhor atenda aos interesses daqueles que se aproximaram da obra do norte-americano por meio de seu primeiro álbum. Longe de apresentar os mesmos vocais entusiasmados das faixas anteriores, a pequena composição (a menor do EP) surge como uma espécie de introdução para o que chega na sequência com, com a inusitada, porém coerente versão de Saturday Love, clássico dos anos 90 imortalizada (até então) por Cherrelle e Alexander O’Neal. Seguindo pela mesma condução da faixa original, em sua nova interpretação a música ganha uma carga de efeitos e um ritmo que exalta o eterno verão propagado através das faixas do Toro Y Moi.

Para o fecho do álbum, I Can Get Love surge como um grande pôr do Sol musical, entrelaçando teclados e batidas em clima de despedida, porém antes, concedendo uma espécie de última dança aos ouvintes. Com Freaking Out EP,  Chazwick Bundick se firma como o maior representando da Chillwave/Hypnagogic Pop ou qualquer que seja o estilo atrelado ao trabalho do produtor, se apresentando de forma definitiva como um dos artistas mais inventivos da atual safra norte-americana. Para Bundick o verão está apenas começando.

 

Freaking Out EP ( 2011, Carpark Records)

 

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Washed Out, Neon Indian e Memory Tapes
Ouça: All Alone e Saturday Love

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.