Disco: “Friends For Now”, Young Prisms

/ Por: Cleber Facchi 27/01/2011

Young Prisms
Shoegaze/Noise Pop/Psychedelic
http://www.myspace.com/youngprisms

 

Friends For Now é um disco que, embora seja lançado como novo chega sem o mínimo ineditismo. Não somente por ter vazado ainda em 2010, pouco após a metade do ano, mas também por suas composições livres de qualquer novidade. A estreia do Young Prisms, que vem lá da cidade de São Francisco na Califórnia é um trabalho que poderia ter dado certo, mas que não deu.

A primeira audição do álbum ocorreu ainda em 2010, em que os toques de psicodelia shoegaze proporcionados pela banda pareceram tão desprovidos de qualidade que o disco acabou indo direto para a lixeira. Talvez fosse o efeito Halcyon Digest – quarto disco de estúdio dos nova-iorquinos do Deerhunter – que àquela altura do ano fazia com que qualquer outra banda que viesse sujando guitarras soasse como um grupo de principiantes, um bando de novatos desprovidos do mínimo conhecimento musical.

Contudo, alguns discos precisam de um tempo maior para serem melhor apreciados. Então passados quase seis meses uma nova audição revela o já temido: a estreia do Young Prisms continua da mesma forma, se não pior. Não que ele seja um trabalho ruim, de forma alguma. Friends For Now é um álbum esforçado. O quinteto comandado pelo vocalista Stef Hodapp dá o máximo de si em cada uma das composições, cada acorde rebuscado, sujo e repetido massiçamente mostra uma banda que sabe muito bem o som que almeja alcançar. Porém esse som parece funcionar só na cabeça de seus integrantes, e não na prática.

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As dez faixas que integram o disco parecem simplesmente idênticas. Mesmo Psychocandy (1985) do The Jesus and Mary Chains – influência mais do que assumida dos californianos – apresenta distinções e tem um rumo bem definido em meio àquele caos “descontrolado”. É só fazer um sorteio aleatório das faixas do disco para ver. Vamos lá, faixas dois, sete e nove. If You Want To, Breathless e If Don’t Get Much. Parece bobagem, mas as três são idênticas. Começa com um acorde discreto no começo e depois entram os vocais inaudíveis e os overdubs de guitarra. Alguém que nunca ouviu nenhum disco de shoegaze vai achar que baixou um álbum com defeito.

Até a estreia do No Age em 2007, com o álbum Weirdo Rippers (que é praticamente feito de microfonias, vocais berrados e distorções) entrega cada faixa de maneira diferente. Tudo bem se a ideia do Young Prisms for de estrear com um disco em que na verdade todas as dez faixas são apenas uma, fragmentadas apenas para favorecer o lado “comercial” do álbum. Mas sinceramente: alguém vai gostar disso?

Um refrão diferenciado aqui ou um solo mais limpo ali não iria destruir a banda, bem pelo contrário. Essa postura do grupo em querer soar difícil faz com que na verdade eles acabem soando repetitivos e monótonos. Em um período onde cada vez mais ganham os grupos que trazem algo novo para dentro da música, o Young Prisms prefere soar bem mais “alternativo” e “obscuro”. Então boa sorte se apresentando para seus familiares, se é que eles ainda assistem vocês.

 

Friends For Now (2011)

 

Nota: 5.0
Par quem gosta de: No Joy, Wavves e No Age
Ouça: Eleni

 

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.