Disco: “Gangs”, And So I Watch You From Afar

/ Por: Cleber Facchi 03/05/2011

And So I Watch You From Afar
Irish/Post-Rock/Instrumental
http://www.myspace.com/andsoiwatchyoufromafar

Por: Fernanda Blammer

Talvez um dos grandes problemas e que tendem a barrar o rock instrumental, quando este chega ao grande público seja a ausência de composições mais fáceis ou que atendam as exigências de ouvintes carentes de letras e melodias mais pop. Se isso é um problema (ou escolha) para um bom número de artistas do gênero, pelo menos não é para o grupo irlandês And So I Watch You From Afar, que com seu segundo disco de estúdio brinda o público com uma bem apurada coleção de faixas, que se desprendem de qualquer tipo de marasmo em prol de um resultado explosivo e dançante.

Quando em 2009 o quarteto – formado por Rory Friers (Guitarra), Tony Wright (Guitarra), Jonathan Adger (Baixo) e Chris Wee (Bateria) – originário da cidade de Belfast deu origem ao homônimo disco de estreia do projeto parecia impossível (mesmo para o grupo) dar sequência a um trabalho tão intenso quanto fora o debut. Entretanto, Gangs (2011), atual registro da banda não apenas se apresenta como um intenso trabalho de estúdio, como supera fácil a estreia do quarteto, dando um salto gigantesco em questões técnicas e instrumentais.

Feito uma corja de hábeis caçadores, o grupo norte-irlandês cerca seus ouvintes através de um conjunto de oito ardilosas composições, que através de um bem apurado arranjo de cordas, guitarras tocadas com vivacidade e batidas diversificadas, que cercam, atiram e ferem (felizmente) suas presas, sem a mínima escapatória. Nada parece ser construído de maneira a soar excessiva, repetitiva ou (principalmente) pretensiosa. É rock instrumental, sem firulas e com muita competência.

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Um dos fatores mais interessantes dentro de Gangs está na forma concisa com que a banda desenvolve suas canções do princípio ao fim do disco, inviabilizando experimentalismos desnecessários. Sempre que alguma composição tende a seguir por uma via um pouco mais abstrata ou etérea, mais do que imediatamente uma gravidade intencional traz a banda de volta para chão, dando ao álbum uma verdadeira estabilidade.

Talvez o grande motivo dessa concisão no trabalho esteja ligada a curta duração das faixas, o que por si só inviabiliza o fato do grupo se afundar em grandes solos ou viagens instrumentais, típicas das que tomam conta de artistas que seguem pelo Post-Rock. Entretanto, mesmo quando dão vida a Homes – …Samara to Belfast, com seus quase dez minutos de duração, o quarteto se mantém coerente, evitando sempre o desnecessário e transformando a faixa em um épico que catapulta o ouvinte para todas as direções através de sua energia repleta de vigor.

Por mais que Gangs seja um disco instrumental, as letras das canções estão ali, claras e audíveis como um batalhão de verdadeiros arrasa-quarteirões da música pop. Tudo soa límpido e construído com intensidade e entusiasmo. As duas guitarras, o baixo e a bateria dos integrantes duelam incessantemente em uma batalha onde todos (e principalmente o ouvinte) terminam como verdadeiros vencedores. Se antes o disco de estreia do  And So I Watch You From Afar parecia algo simplesmente impossível de ser superado, agora é este novo álbum que assume tal posição.

Gangs (2011)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: God Is an Astronaut, Tortoise e The Sea and Cake
Ouça: Search: Party: Animal

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.