Disco: “Get Lost”, Mark McGuire

/ Por: Cleber Facchi 13/09/2011

Mark McGuire
Experimental/Ambient/Drone
http://editionsmego.com/

Por: Fernanda Blammer

Mesmo longe do grande público – e até mesmo de alguns “antenados” do mundo da música -, Mark Mcguire é sem sombra de dúvidas um dos maiores expoentes da ambient music contemporânea. Munido apenas de sua guitarra e uma coleção de pedais ou excêntricos aparatos aparatos eletrônicos, o músico lançou ao longo dos últimos dez anos mais de 30 registros, alguns deles armazenados em fita cassete ou mesmo em parcos CD-R, outros apresentados oficialmente sob seu próprio nome, além de alguns trabalhos (os melhores) ao lado dos dois parceiros do Emeralds, ambos projetos que lentamente foram criando certo culto em torno das composições do músico.

Enquanto prepara aquele que será o sucessor do elogiado Does It Look Like I’m Here? – último trabalho de estúdio do Emeralds, lançado em 2010 – e aproveita os elogios de sua recente coletânea – A Young Person’s Guide to Mark McGuire, lançada em maio e registro que concentra algumas composições do músico “perdidas” ao longo dos últimos anos -, McGuire chega com um novo e obviamente interessante trabalho. Denominado Get Lost (2011, Editions Mego), o disco foge um pouco da linguagem esquizofrênica das anteriores criações do músico, proporcionando um álbum delicado e inundado por experimentações suaves, algo muito próximo daquilo que é apresentado através das canções de sua banda.

Dotado de seis faixas, o álbum vai lentamente construindo distintos ambientes musicais, onde todas as canções do registro parecem convergir para o desenvolvimento de uma única e extensa composição com mais de 40 minutos de duração. Entre momentos sombrios, toques idílicos e reverberações tomadas por uma aura mística, McGuire aos poucos desenvolve uma espécie de passeio onírico musical, produzindo uma série de texturas puramente delicadas e minuciosas, transformando sua guitarra em uma gigantesca fábrica de sons.

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O álbum abre em meio aos arranjos mais acessíveis e menos etéreos da faixa que dá nome ao disco, com o músico entrelaçando loopings simplistas que lentamente vão sendo substituídos por novas emanações musicais. Com pouco mais de cinco minutos, a canção enverga tanto por um caminho puramente sintético e circundado de elementos eletrônicos, como por alguns segundos de pura tonalidade orgânica, momentos estes em que a guitarra de McGuire segue tocada de maneira natural, ausente de grandes efeitos ou cruzamentos instrumentais diversos.

Para as faixas seguintes, When You’re Somewhere e Alma, o músico dá continuidade ao uso de sons mais acessíveis e menos experimentais, dedilhando sua guitarra de maneira natural, enquanto algumas pequenas doses de efeitos e programações eletrônicas vão o acompanhando. Conforme o disco vai se encaminhando para o final mais elementos sintéticos vão sendo agregados ao registro, algo que a partir da faixa Another Dead End toma formas melhor definidas, com o músico passeando durante alguns segundos pelos toques de Drone – algo muito presente nos discos do Emeralds – e se afundando em sons totalmente hipnóticos.

Mesmo que o disco se movimente inteiro dentro de uma mesma linguagem, o grande ápice do álbum se situa exatamente em sua última composição. Beirando os 20 minutos de duração, Firefly Constellations vai aos poucos desaguando em um oceano de sonorizações cósmicas, com McGuire convergindo todos os elementos e experimentações do trabalho dentro de uma única canção, alcançando assim uma unidade musical inquestionável e uma melodia incrivelmente detalhista e mágica.

 

Get Lost (2011, Editions Mego)

 

Nota: 7.9
Para quem gosta de: Emeralds, Sun Araw e Peaking Lights
Ouça: Firefly Constellations

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.