Disco: “Ghost EP”, Sky Ferreira

/ Por: Cleber Facchi 23/10/2012

Sky Ferreira
Electronic/Pop/Female Vocalists
http://skyferreira.tumblr.com/

Por: Fernanda Blammer

 

Curioso rotular o trabalho da californana Sky Ferreira como Pop, quando na verdade ele está bem longe de soar próxima desse resultado. Em busca de um encaminhamento e uma sonoridade de fato própria, a cantora e compositora situada em Los Angeles, Califórnia vem ao longo dos últimos meses experimentando uma variedade de possíveis rumos. Feito que se intensifica agora com a chegada de Ghost EP (2012, Capitol), uma sequência bem elaborada de cinco faixas que a puxam tanto para o que há de mais convencional no mundo da música, como uma tonalidade de novos percursos não lineares. Um registro curto e comercial que nos permite questionar a todo o instante o que de fato se prontifica como “pop” dentro da recente obra da artista ou mesmo em relação ao que circula pelo cenário atual.

Sem medo de soar irregular ou provar de tendências que pareçam impossíveis de serem partilhadas, Ferreira utiliza de cada mínimo espaço do registro para passear por uma diversidade de percursos que se alteram a cada nova composição. Para a abertura do trabalho o que vemos é uma completa transformação da sonoridade quase descartável do que vinha promovendo até o último ano, utilizando de acordes suaves no melhor enquadramento folk para transformar Sad Dream em belo aquecimento para o que encontramos no restante do trabalho. A fluidez delicada da música logo dá lugar à eletrônica e ao pop em contornos que não só remetem ao trabalho de Katy Perry, como fazem de Lost In My Bedroom uma extensão similar ao que promove a também californiana.

[youtube:http://www.youtube.com/watch?v=1jtTeMgWNhA?rel=0]

Quem talvez imaginasse que Ferreira pudesse se acomodar nessa mesma vertente, logo encontrará nos lamentos da amargurada faixa-título – com Sky soando como uma Alanis Morissette com pitadas de música country – uma completa inversão dessa estrutura. Dolorosa até o último instante, a canção (que conta com produção de Jon Brion) brinca com a limpidez típica da música pop, tudo isso enquanto guitarras delineadas pelo slide circulam apaixonadas ao fundo. Mais uma vez o pop em seus conceitos mais convencionais se faz presente, apenas transformado, uma premissa para o que as guitarras ascendentes – por vezes próximas de Garbage, Elastica e tantos outros veteranos da década de 1990 – estabelecem no decorrer da enérgica Red Lips.

Ainda dentro dessa constante necessidade do provar inúmeras tendências, quando alcança a faixa de encerramento Everything Is Embarrassing é visível o quanto Sky parece finalmente em casa. Por mais que o delineamento lo-fi da canção até remeta em alguma medida aos trabalhos de Grimes e Charli XCX, a medida entre o pop e o “experimental” garantem um toque de novidade ao trabalho da artista, que parece segurar o ouvinte até a canção final para de fato provar do que é capaz. Ao fecho do disco Sky Ferreira estabelece cinco caminhos bem definidos, um diferente do outro, tornando duvidoso qual será o escolhido, mesmo que o acerto e o sucesso já sejam praticamente garantidos.

Sky Ferreira

Ghost EP (2012, Capitol)

Nota: 7.3
Para quem gosta de: Charli XCX, Lana Del Rey e Katy Perry
Ouça: Everything Is Embarrassing

[soundcloud url=”http://api.soundcloud.com/tracks/58163189″ iframe=”true” /]

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.