Disco: “Glass Swords”, Rustie

/ Por: Cleber Facchi 29/10/2011

Rustie
British/Electronic/Post-Dubstep
http://soundcloud.com/rustie/

Por: Cleber Facchi

Poucos são os selos que ao longo dos últimos anos conseguiram delimitar um catálogo de álbuns tão vasto quando o desenvolvido pela gravadora inglesa Warp Records. Desde 1989 abrindo as portas para uma série de artistas, bandas e produtores, o selo é responsável por alavancar alguns dos mais influentes representantes da música contemporânea. Com um enfoque maior em projetos voltados para a música eletrônica, a Warp já revelou o trabalho de importantes nomes como Boards Of Canada, Aphex Twin, Prefuse 73, entre outros grandes enunciadores da eletrônica mundial.

Membro da mais recente safara de artistas ligados ao selo inglês – que incluem Africa Hitech e Flying Lotus -, o jovem escocês Rustie Rus chega agora com seu primeiro e bem recepcionado registro em estúdio, Glass Swords. Claramente relacionado com a vertente de artistas que dão formas ao famigerado pós-dubstep, o britânico configura sua estréia em uma sequência de beats e frequências variadas, encontrando apoio em diferentes setores da música eletrônica e se anunciando como uma das grandes estréias do gênero em 2011.

Longe de qualquer produção demasiadamente climática ou perdida em experimentos abafados típicos dos que delimitaram a cena britânica da última década, Rustie delimita através das 13 faixas de seu debut uma sequência de sons marcados pela plasticidade e o encaixe musical quase matemático. Amarrando sintetizadores futurísticos, vocais fragmentados e uma soma de efeitos eletrônicos variados, o produtor faz nascer um registro rápido, bem direcionado, porém carente de grandes evoluções em seu desenvolvimento.

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Da abertura com a faixa título até o fechamento ao som de Crystal Echo é possível perceber uma linha sonora bem delimitava e quase imutável. Em geral, as composições são delimitadas dentro de uma sequência bem aplicada de sintetizadores, reproduzindo um tipo de som ora suingado e reverberando de alguma forma a eletrônica dos anos 90, ora carregado de efeitos mais dançantes e simplistas, com o produtor se afundando por completo nos sons montados ao longo da década de 1980.

Talvez por conta da pouca experiência do jovem produtor, torna-se visível um claro padrão na construção de cada faixa. É possível mapear uma abertura climática, um meio em que o escocês destila ao máximo seus sintetizadores, enquanto reserva para o final um ritmo sempre crescente e quase explosivo. É possível observar uma base instrumental ao fundo que vai se elevando em cada uma das 13 faixas do disco, fazendo com que mesmo em uma primeira audição Glass Swords passe longe de proporcionar um resultado inédito e competente em todas suas extensões.

Os visíveis flertes com hip-hop – ou mesmo com a fluência típica do grime, algo bem representado em Surph e City Star – acabam proporcionando certa dose de inovação ao trabalho, rompendo com o fluxo previsível que se abate sobre ele. A conduta excessivamente linear do álbum deixa mais do que claro que Rustie Rus ainda tem muito que melhorar em suas futuras produções, entretanto, para um primeiro trabalho, até que ele não decepciona.

Glass Swords (2011, Warp)

Nota: 7.9
Para quem gosta de: Zomby, Africa Hitech e Shlohmo
Ouça: Surph

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.