Disco: “Ground Is Lava”, Groundislava

/ Por: Cleber Facchi 16/04/2011

Groundislava
Electronic/8-bit/Hip-Hop
http://www.myspace.com/thegroundislavadude

Por: Cleber Facchi

Se o inferno está cheio de gente com boas intenções, a música eletrônica está cheia de produtores repetitivos brincando (no péssimo sentido) com a sonoridade 8-bit. São realmente pequenos os casos em que os trabalhos não soam como uma continuação monótona de algum videogame antigo, fazendo repetições em cima de repetições. Caso raro, o californiano Jasper Patterson faz com que toda essa sonoridade que remete aos games clássicos dos anos 80 carregue toda uma sonoridade orgânica, se desligando dos artificialismos em prol de um trabalho inventivo e até sentimental.

Depois de alguns EPs e singles lançados ao longo de três anos, o produtor que resideem Los Angelese atua sob a alcunha de Groundislava entrega agora seu primeiro Long Play, um conjunto de doze canções inéditas e mais dois remixes de faixas desse mesmo álbum. Usando como matéria prima a peculiar sonoridade referente aos jogos da década de 1980, Patterson vai ao encontro de outros ritmos e sonoridades a fim de escapar das repetições que seguramente controlam artistas similares a ele. Nessa busca por novas possibilidades de som há desde experimentações com o hip-hop como com a chillout, sempre livre de cair em redundâncias.

Como o foco do Groundislava é a música eletrônica explorada de maneira instrumental os raros momentos em que as vozes marcam presença são tomadas por assertivas participações especiais. Dentre os nomes que figuram no decorrer do disco, o ator Jake Weary é quem deixa sua marca maior, emprestando sua voz para três faixas do álbum. Se atuando o rapaz não é nada convincente, soltando a voz em meio às batidas cuidadosas e repletas de sonoridades nostálgicas, Weary se mostra um exímio vocalista.

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Outro que participa em um dos melhores momentos do disco é o rapper JonWay, que junto de sua voz tomada por experimentações eletrônicas – fruto da também participação do produtor Shlohmo – proporcionado o que seria uma batalha contra o “chefão” de um jogo imaginário. Ao mesmo tempo em que a dupla de produtores desce uma sequência de batidas concisas, pequenos minimalismos eletrônicos vão dando sustentação à faixa, uma quase trilha sonora para um RPG da vida real.

Quando sozinho, Patterson sabe tranquilamente como se virar. Prova cabal da habilidade do produtor no encaixe certeiro de sintetizadores, batidas e colagens que passeiam por Super Mario, Pacman e Alex Kid estáem The Dig.Maisextensa faixa do álbum, a canção faz com que a house music agregue todo um caráter retro, com Jasper se dividindo entre o dançante e o melancólico a todo momento. Outra de grande destaque é A Grass Day, com o californiano se aproximando do que seria uma chillwave em 8-bit, embora indisponha da mesma frequência de ruídos típica de trabalhos do gênero.

Ground is Lava faz parecer com que Twin Shadow, How To Dress Well e (principalmente) Baths pareçam perdidos dentro de um jogo de plataforma, lutando contra algum vilão ou completando fases após fases, sempre acompanhados de uma sequência de bips e sons levemente irritantes. Patterson faz do sentimento nostálgico algo nada tenebroso, tornando o que seria redundante em algo novo, uma espécie de maestro moderno dos videogames arcaicos.

Ground is Lava (2011)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Baths, Shlohmo e Teebs
Ouça: Animal

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.