Disco: “Hall Music”, Loney, Dear

/ Por: Cleber Facchi 25/08/2011

Loney, Dear
Swedish/Indie Pop/Experimental
http://loneydear.com/

 

Por: Fernanda Blammer

“Um álbum curto, com uma ampla visão”, assim escreve Nico Muhly (músico norte-americano) no encarte do mais novo álbum de Emil Svanängen, ou como prefere, Loney, Dear. Denominado Hall Music (2011, Polyvinyl), o disco é um profundo mergulho na mente e nos lamentos do cantor e compositor sueco, que não poupa esforços na hora de encaixar instrumentos delicados e inserções acústicas que se dividem entre a melancolia e momentos puramente açucarados. Doloroso na mediada certa, o registro vem para competir com o último e elogiado trabalho do músico, Dear John, lançado em 2009.

Menos orgânico e pouco incrustado de elementos acústicos, o disco se locomove de forma bastante ambiental, se projetando como um álbum atmosférico e reflexivo desde que Name, primeira composição do disco ganha formas. Brincando com os sons experimentais, porém sem nunca abandonar sua ligação com a música pop, o disco se adorna de uma série de distintas referências, encontrando suas influências tanto na música erudita em alguns pontos do álbum, como no synthpop em alguns outros.

Um bom exemplo do que pode ser encontrado dentro do álbum está em Maria, Is That You, quinta composição do disco, e uma das criações mais surpreendentes Svanängen. Carregada de sintetizadores tomados de eco e brincando com a sobreposição de sons, o sueco faz da composição um belo tratado romântico e experimental, deixando que a faixa em alguns momentos percorra os mesmos caminhos escolhidos por grupos como Sigur Rós, porém sem jamais se transformar em algo etéreo ou excessivamente complexo de ser absorvido pelo ouvinte.

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Por mais que venha tomado de novidades e novos rumos em seu desenvolvimento, Hall Music permite que algumas composições se aproximem intensamente daquilo que fora produzido nos primeiros registros do Loney, Dear. Tanto D Major, com seus adornos acústicos, quanto Young Hearts, com seu retrato solitário e orgânico são capazes de puxar o trabalho do músico para junto de suas primeiras produções, resultando em um som muito mais intimista e que lentamente parece cercar o ouvinte, reconfortando-o em suas doces emanações.

Entretanto, o grande acerto do novo álbum de Emil Svanängen está nos momentos finais do álbum e em suas constantes andanças pela música experimental. A tríade de composições que fecham o registro – Durmoll, I dreamed about you e What have I become? – passeiam de forma despretensiosa e natural por um grande labirinto de sons e texturas, convergindo elementos da música clássica com doses nada ponderadas de inclusões eletrônicas, permitindo que o disco proporcione seus momentos de maior originalidade e beleza, praticamente hipnotizando o ouvinte com suas construções instrumentais bem elaboradas.

Melhor trabalho de  Loney, Dear até o presente momento, Hall Music se propõe como um trabalho que não tem medo de errar ou ousar, convertendo o estranho em algo comercial, e transformando a música pop em algo distinto, místico e ousado em seus limites. Embora capaz de causar certo estranhamento em uma primeira audição – ainda mais se você tiver forte aproximação com os anteriores álbuns do músico -, o álbum lentamente vai ganhando destaque e se transformando em algo que parece natural em seu atual formato, algo que Svanängen há tempos deveria ter experimentado.

 

Hall Music (2011, Polyvinyl)

 

Nota: 7.9
Para quem gosta de: Sin Fang, Nico Muhly e Braids
Ouça: Calm down

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.