Disco: “Hanging Gardens”, Classixx

/ Por: Cleber Facchi 03/06/2013

Classixx
Electronic/Dance/Alternative
http://classixx.la/

Por: Fernanda Blammer

CLASSIXX

Os últimos quatro anos foram essenciais para que Michael David e o parceiro Tyler Blake delimitassem todas as possibilidades que viriam a definir a estreia do Classixx. Mais conhecidos pelo bem recebido catálogo de remixes que vinham construindo do que pelas próprias composições em si, o duo californiano utilizou da relação com a música de outros artistas como um mecanismo de encontrar um ambiente confortável para os próprios inventos. É dentro desse propósito que nasce Hanging Gardens (2013, Innovative Leisure), um registro que manifesta o verdadeiro espirito da dupla, porém faz de cada faixa um exercício de experimentação dentro da sonoridade alheia.

A julgar pela forma como as canções se manifestam como recortes, além de uma clara relação com a música da década de 1980, logo nos primeiros instantes a estreia do Classixx se manifesta como uma extensão do que Ford & Lopatin encontraram em Channel Pressure (2011). Entretanto, enquanto o duo nova-iorquino parece observar o passado com nostalgia, transformando cada música em um recorte honesto de pequenas colagens, David e Blake assumem um andamento recente para as próprias músicas. Uma versão presente e ainda assim retrô de tudo o que foi conquistado há três décadas.

Sem o compromisso de se sustentar como um possível arrasa-quarteirões para as pistas, o álbum segue até a última música em uma medida leve, porém de natureza cativante. É possível encontrar no registro uma orientação simples de “aquecimento”, como se Hanging Gardens fosse na verdade um preparativo para um registro maior da dupla ou mesmo para o trabalho de qualquer outro artista. Todavia, longe de parecer um erro ou um álbum de efeito descartável, a estreia da dupla firma no crescimento natural um exercício curioso. Tudo é tão coerentemente instalado que fugir dos limites de Supernature, Holding On ou qualquer faixa parece impossível.

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Dentro desse propósito compacto, o duo deixa crescer pequenas surpresas por toda a extensão do registro. A primeira delas se concentra na natural participação de um pequeno time de colaboradores. Enquanto All You’re Waiting For, em parceria com Nancy Whang revela o lado mais pop da obra, músicas como Long Lost (com Active Child) e A Stranger Love (com Sarah Chernoff) revelam os instantes mais experimentais do trabalho. São composições que atravessam a década de 1990, recolhem elementos do R&B, toques da House Music e até uma porção eletrônica que se esquiva do óbvio, firmando pequenos respiros para que o lado mais comercial da obra possa crescer livremente.

Longe das colaborações, a dupla acaba abastecendo o lado mais sintético e naturalmente particular do trabalho. Ao passo que Dominoes e A Fax From The Beach tratam da eletrônica como um elemento de interação climática para o disco, faixas como Holding On apostam em um resultado completamente distinto. Se afastando das passagens pela década de 1980 e concentrando na produção de um registro essencialmente dançante, a dupla aporta em aspectos muito específicos da obra do Daft Punk, principalmente em Discovery (2001). A própria construção de I’ll Get You, parceria com o dinamarquês Jeppe reforça isso, afastando o disco de um propósito experimental para prender o ouvinte.

Talvez previsível em alguns aspectos, a estreia do Classixx se mantém longe de competir com o volumoso e cada vez maior catálogo de lançamentos que ocupam com destaque a eletrônica em 2013. Entretanto, ao criar um ambiente específico para a obra, Michael David e Tyler Drake acabam por transformar o registro em uma entrada para um cenário onde todas as composições, mesmo limitadas, parecem coesas dentro de uma mesma proposta e das especificidades desse cenário.

Classixx

Hanging Gardens (2013, Innovative Leisure)

Nota: 7.6
Para quem gosta de: Ford & Lopatin, Daft Punk e Breakbot
Ouça: All You’re Waiting For, Holding On e I’ll Get You

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.