Disco: “Happy Soup”, Baxter Dury

/ Por: Cleber Facchi 27/07/2011

Baxter Dury
British/Alternative/Singer-Songwriter
http://www.myspace.com/baxterdury

 

Por: Fernanda Blammer

Em março de 2000, quando um câncer retirou a vida do cantor e compositor Ian Dury – líder do grupo britânico de punk/new wave The Blockheads -, seu filho, Baxter Dury, na época com 29 ainda via na música um mero passatempo. Com a morte do pai, o músico não tardou a seguir seus passos, iniciando sua carreira e lançando em 2002 seu primeiro álbum de estúdio, Len Parrot’s Memorial Lift, registro que o posicionava em uma direção completamente oposta a de seu falecido pai, puxando o jovem músico para dentro de um mundo de experimentações e sons voltados ao rock psicodélico.

Completando dez anos de carreira, Dury lança agora seu terceiro álbum, Happy Soup (2011, Parlophone), disco que segue as mesmas predisposições psicodélicas dos trabalhos anteriores, além de algumas minuciosas passagens pelo campo das experimentações e do indie rock em seu melhor formato nos anos 90. Em pouco mais de 30 minutos, o cantor e compositor passeia em meio a acordes ora esvoaçados, ora concisos, proporcionando uma instrumentação que se orienta de forma decisiva ao longo do disco.

Diferente de seus dois trabalhos anteriores – além do álbum de 2002, Baxter lançou em 2005 o disco Floor Show -, o britânico se distancia de maneira necessária da maré de sonorizações nostálgicas e melancólicas que já revelavam algumas claras redundâncias, proporcionando um registro mais suave, levemente colorido e distinto. Claire, primeiro single do novo álbum deixa isso bem claro, com o cantor esbanjando seu timbre peculiar e carregado pelo sotaque britânico em meio a uma instrumentação animada e que transparece uma atmosfera musical que remete aos sons da década de 60.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=gn-afFAgIFs]

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=U0XRowxQOn0]

Mesmo que soe preguiçoso em alguns momentos, Happy Soup se apresenta como um álbum climático, com Baxter encontrado algumas obvias referências no trabalho do cantor francês Serge Gainsbourg, mobilizando composições carregadas por um clima de sedução e romantismo. Boa parte das faixas surgem através de bases atmosféricas, sempre amenas, com o cantor derramando seus vocais lentamente, poucas vezes cantados, e em sua maioria declamados. Um backing vocal feminino dá o toque final ao disco, enquanto solos suaves de guitarra transitam entre as faixas.

As mudanças apresentadas ao longo do registro não impedem que o britânico volte momentaneamente aos sons que preencheram a totalidade de seus dois primeiros trabalhos. Na faixa Picnic On The Edge, por exemplo, como o próprio nome já diz reforça a veia psicodélica do músico, com Dury trafegando em meio a riffs chapados de guitarras. Trellic é outra que usa do mesmo tipo de som, embora aqui o artista se aproxime de uma sonoridade mais pop e radiofônica, novamente voltada aos anos 60.

Com produção de Craig Silvey – que só em 2011 produziu os trabalhos de Anna Calvi e Arctic Monkeys -, Happy Soup agrada, mas mantém o tempo todo a sensação de que falta algo ao trabalho de Baxter Dury. Todas as composições do disco começam bem, prendem o ouvinte, mas aos poucos começam a murchar, como se fossem perdendo seu rumo. Embora revele algumas boas composições, o álbum tem sua validade muito reduzida, sendo praticamente impossível vê-lo com bons olhos após uma segunda ou terceira audição.

 

Happy Soup (2011, Parlophone)

 

Nota: 6.0
Para quem gosta de: Ian Dury & The Blockheads, Serge Gainsbourg e Gruff Rhys
Ouça: Afternoon e Clair

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.