Disco: “Happy To You”, Miike Snow

/ Por: Cleber Facchi 21/03/2012

Miike Snow
Swedish/Electronic/Alternative
http://www.miikesnow.com/

Por: Cleber Facchi

Bastou ao trio de Estocolmo Miike Snow apenas um single para que o até então desconhecido trabalho da banda sueca (montada em 2007) fosse finalmente reconhecido. “Eu mudo de formas apenas para me esconder neste lugar, mas eu ainda sou, ainda sou um animal”, proclamou o vocalista Andrew Wyatt no refrão da comercial Animal, faixa que trouxe ao mundo o som agradável da tríade e fez deles um dos projetos estreantes mais queridos de 2009. Enquanto gigantes da cena alternativa gladiavam por um lugar de destaque, a simplicidade harmônica do doce hit rapidamente transportou o grupo para junto de um lugar de destaque no panteão que se formava naquela momento.

Embora interessante e repleto de doces composições – entre elas Silvia, Burial e Black & Blue – a homônima estreia do grupo sueco acabou pecando em diversos aspectos, entre eles a falta de proximidade das canções e alguns excessos acumulados por conta de faixas pouco ou nada proveitosas. A eficiência dos bons singles, entretanto, fez com que diversos erros do trabalho acabassem passando despercebidos, afinal, berrar a plenos pulmões o refrão cativante de Animal parecia muito mais interessante do que discutir o tom raso de Plastic Jungle (um pseudo-pop oitentista) ou o aspecto sonolento de Sans Solei.

Seria de se esperar que para um segundo disco todos os pequenos erros do passado pudessem finalmente ser solucionados, algo que o lançamento da entusiasmada Padding Out na metade de janeiro ou mesmo Devil’s Work apresentada um mês antes acabaram apontando. Dotadas de teclados firmes e versos tão ou mais marcantes quanto os aplicados em 2009, as duas faixas deram uma forte noção da maturidade da banda, que não apenas parecia interessada na criação dos mesmos hits de outrora, como pareciam interessados em investir pesado na sonoridade das faixas, acrescentando uma série de novos instrumentos e referências dentro das canções. Pelo menos era o que parecia.

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Composto de 10 faixas (uma a menos que o disco anterior) Happy to You (2012, Downtown/Columbia) mostra que de fato pouco mudou no trabalho da banda sueca, agora muito mais orientada pelas referências eletrônicas e ainda detentora dos mesmos pequenos erros do passado. Assim como proposto no debut, o mais novo disco do trio se sustenta quase todo em cima de um punhado de composições pop dançantes, deixando para o restante do álbum a inclusão de faixas mornas, músicas que mesmo vendáveis e acessíveis ao público se desprendem dos mesmos acertos que o pequeno acervo comercial do grupo consegue centralizar.

Happy to You é um trabalho inteiro construído em cima de pequenos acertos ou momentos de exatidão. Um verso melancólico que se destaca, uma base instrumental que fisga o ouvinte ou uma mínima harmonia de teclados que parece estranhamente acolhedora ao espectador, elementos que agradam dentro de suas particularidades, mas ao serem observados como um todo acabam soando incompatíveis ou fracos. É como se a banda investisse fortemente nesses pequenos gracejos instrumentais ou líricos, mas esquecesse do todo, do contexto e de como cada uma das dez faixas do álbum conversam entre si.

A sensação de “quase” se revela em toda a extensão do álbum, com a banda acertando sim em diversos momentos, mas ficando muito aquém do próprio resultado proposto no disco de 2009. Em diversos momentos do registro fica visível a sensação de que o grupo compôs o trabalho todo esperando pelo remix de alguns colaboradores, como se as faixas estivessem entregues às mudanças, aspecto este que o trio deveria ter incorporado com o presente álbum, mas acabou visivelmente não alcançando.

Happy to You (2012, Downtown/Columbia)

Nota: 6.5
Para quem gosta de: Passion Pit, Foster The People e Friendly Fires
Ouça: Paddling Out

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.