Disco: “Hardcore Will Never Die, But You Will”, Mogwai

/ Por: Cleber Facchi 11/01/2011

Mogwai
Post-Rock/Instrumental/Alternative
http://www.myspace.com/mogwai

São raras as bandas donas de uma discografia intocável em se tratando da excelência nas produções. E esse número fica ainda menor quando o assunto é música instrumental. Mesmo os grandes figurões do gênero como Tortoise, Explosions In The Sky ou mesmo os brasileiros do Hurtmold, por mais que sejam dotados de trabalhos eficazes contam com visíveis deslizes em alguns de seus álbuns. Talvez os únicos a levantarem suas cabeças e passarem incólumes aos mínimos problemas sejam os escoceses do Mogwai.

Vindos de uma série de excelentes discos desde que lançou o debut Young Team em 1997, o grupo composto por Stuart Braithwaite, Dominic Aitchison, Martin Bulloch, John Cummings e Barry Burns vale-se de sua experiência para lançar o mais novo trabalho da carreira: Hardcore Will Never Die, But You Will (2011). Se há eficácia no novo disco ela está na unidade de seus instrumentistas. Com exceção do tecladista Barry Burns que entrou no grupo em 1997, todos os demais membros que dão vida ao Mogwai estão presentes desde 1995, quando a banda foi formada. Assim o grupo sabe como trilhar o novo álbum e sua carreira categoricamente, em meio a produção de arranjos bem elaborados e coerentes com a restante discografia do grupo.

Diferente do que o título diga (e que nome para um disco hein?), não há nada de hardcore na sonoridade do Mogwai. As faixas são um bom registro do puro Post-Rock, embalado por doses cavalares de guitarras orquestradas eficientemente inspiradas pelo rock alternativo. Acrescente aí arranjos sofisticados de teclados e uma bateria pontual que vem para direcionar o rumo das faixas, só assim você tem uma vaga definição do som que permeia o álbum.

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Raramente utilizados, os vocais marcam presença no novo disco. As vozes fazem parte do cenário instrumental de Mexican Grand Prix e George Square Thatcher Death Part, porém não vá esperando algo límpido e puramente audível. É carregada pelo uso de Auto-Tune que os vocais se instalam nas canções, não fazendo delas um elemento à parte, mas sim mais uma textura às centenas de combinações que geram as faixas. Dentro do imenso quebra-cabeça musical que é o Mogwai os vocais são apenas algumas peças, e de fato nem são as principais.

Embora Letters To The Metro e Too Raging To Cheers se orientem por acordes mais sofisticados e presos em uma linguagem próxima do som etéreo de grupos como Sigur Rós é quando pesam as guitarras que os escoceses mostram de fato a que vem. Braithwaite e Cummings os dois principais guitarristas da banda não poupam esforços e soltam acordes pesados do seu instrumento em grande parte das faixas que compõem o novo álbum. A carga maior fica em Rano Pano repleta de overdubs complexos, na enérgica San Pedro, e nos minutos finais da épica You’re Lionel Richie.

Ao contrário de alguns discos anteriores como Come On Die Young (1999) e Happy Songs For Happy People (2003) a opção do grupo se dá por uma instrumentação menos viajada e que mantém o tempo todo os pés no chão. Há claros momentos em que a banda tenta se soltar, contudo é logo arrastada de volta dando sequência à composição. Essa firmeza nas canções é visível não somente no toque das guitarras, mas em toda a instrumentação restante. Cada faixa segue um roteiro bem definido com começo, meio e fim e dificilmente consegue fugir disso. Se antes a banda se deixava conduzir pelo som, agora são eles quem ditam as regras e não há erro algum nisso.

Hardcore Will Never Die, But You Will (2010)

Nota: 8.7
Para quem gosta de: Explosions In The Sky, Godspeed You! Black Emperor e Mono
Ouça: Rano Pano

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.