Disco: “Here Before”, The Feelies

/ Por: Cleber Facchi 07/04/2011

The Feelies
Indie Rock/Post-Punk/Alternative
http://www.myspace.com/thefeeliesband

Por: Fernanda Blammer

Muito mais arriscado do que a estreia do novo disco daquela banda super hypada é a volta de algum artista há tempos afastado do meio musical. Porém, depois que Gil Scott-Heron surpreendeu a todos com seu sincero retorno através de I’m New Here (2010) e mais recentemente o Gang Of Four mostrou que ainda está com tudo, ficar atento ao retorno de grupos “assassinados” no passado passou a ser uma boa forma de ter acesso a grandes lançamentos. Mas e se a banda está há 20 anos sem soltar nada inédito, a expectativa pode ser a mesma?

Se observarmos Here Before (2011), novo disco de estúdio dos norte-americanos do The Feelies a resposta é sim. Criada em 1976 na cidade de Haledon, New Jersey, o grupo encabeçado por Glenn Marcer presenteou seu público até 1992 (quando a banda se desfez) com quatro bons registros do indie rock norte americano da década de 1980. Influência para um sem número de bandas (R.E.M. entre elas), o hoje quinteto mostra que o tempo apenas serviu para que o grupo aperfeiçoasse seu trabalho.

Quando a banda voltou em 2008 para uma série de apresentações pelos Estados Unidos, ninguém imaginava que seus integrantes (todos hoje na faixa dos cinquenta nos) tivessem disposição para um novo disco. A boa recepção dos fãs e da crítica, assim como o relançamento Crazy Rhythms (1980) e The Good Earth (1986) em 2009 acabaram servindo de incentivo para que o grupo voltasse de vez a ativa. Sem mudar quase nada em sua sonoridade (o que neste caso é um fator positivo), a banda volta inspirada, só resta torcer que seja pra ficar.

[youtube:http://www.youtube.com/watch?v=L7EpGVB7-kk?rol=0]

Se você espera que após duas décadas o The Feelies se portaria como um grupo de senhores de meia idade prepare-se para ficar surpreso(a). No decorrer de Here Before as guitarras, o baixo e a bateria vêm expostos na mesma intensidade de outrora, jogando acordes que vão de Velvet Underground, passando por Patti Smith até se acentuar numa levada post-punk nos exatos moldes do que a banda fazia há vinte ou trinta anos. De Nobody Knows até o findar do disco em So Far, o quinteto nos arremessa para dentro de sua sonoridade leve, descontraída e ainda assim energética.

Há desde a inclusão de composições puramente elétricas como a rapidinha Way Down, lembrando de leve Television, até faixas que crescem pela inserção de instrumentação acústica, em geral, canções mais calminhas e que abrem espaço para a inclusão de pequenos detalhamentos. Deste segundo grupo pintam as belas Morning Comes, uma dessas canções que fariam Lou Reed sentir orgulho. E para aqueles que querem um pouco mais de peso, nada melhor do que a “raivosa” Time Is Right.

Com o novo disco o The Feelies tem tudo para agradar não apenas os velhos fãs (hoje na faixa dos trinta ou quarenta anos), mas para se evidenciar para uma ou duas gerações que sequer ouviram falar deles. Não estranhe se no meio das audições você perceber certas semelhanças com bandas contemporâneas, afinal, grande parte dos grupos de indie rock dos anos 2000 tem nos trabalhos do grupo de New Jersey uma boa fonte de inspiração. Resta torcer para que não tenhamos mais vinte anos de espera até um novo lançamento.

Here Before (2011)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Television, R.E.M. e Wire
Ouça: On and On

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.