Disco: “Hest”, Kakkmaddafakka

/ Por: Cleber Facchi 17/04/2011

Kakkmaddafakka
Norwegian/Indie/Alternative
http://www.myspace.com/kakkmaddafakka

Por: Cleber Facchi

 

Lá se vão mais de três anos desde que o Vampire Weekend surpreendeu o mundo com seu divertido debut, repleto de rifes pegajosos e letras que colavam facilmente nos ouvidos. Pode parecer bobeira, mas de lá pra cá poucos artistas conseguiram soltar um álbum tão entusiasmado quanto fora aquela estreia, o próprio grupo em seu segundo disco acabou seguindo por um caminha até mais sossegado. Mas se o problema é a falta de um som que seja tão divertido quanto o primeiro disco dos nova-iorquinos, o quarteto de noruegueses do Kakkmaddafakka (esse é nome) suprem essa carência com tranquilidade.

Guardem bem esse nome, “Hest”, afinal esse é o título do segundo disco do grupo e trabalho que provavelmente circulará nas principais publicações musicais do ano. A banda teve seu início lá em 2004, porém só três anos mais tarde fez sua estreia com o álbum Down To Earth. Oriundos da cidade de Bergen (cidade natal de outro importante músico, o norueguês Erlend Øye do Kings of Convenience e The Whitest Boy Alive), o grupo formado por Axel Vindenes (guitarra e vocal), Stian Sævig (baixo e vocal), Pål Vindenes (violoncelo e vocal) e Jonas Nielsen (Piano e vocal) brinca com os ritmos para dar vida ao álbum mais divertido do ano.

Quem se orienta pelo rock dançante da faixa de abertura, Restless, nem imagina o que espera pela frente. No grande liquidificador de ritmos do grupo há uma carga destinada especificamente ao indie rock, porém são os demais elementos que compõem essa batida de sons, que o trabalho do quarteto (que ao vivo ganha mais três integrantes) realmente se destaca. Reggae, funk, música disco, pop, afrobeat e até hip-hop vem incluídos dentro da viva sonoridade da banda.

Durante as três primeiras faixas do álbum – Restless, Your Girl e Self-Esteem – o Kakkmaddafakka se mantém de maneira ponderada, fazendo com que gradativamente seus sons passem a agregar novos temperos, nuances e tonalidades mais alegres e dançantes.

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Primeiro é a pegada suingada, o backing vocal divertido e a bateria repleta de viradas fenomenais de Kristoffer Van Der Pás, depois são os teclados, os solos dançantes e o entrelaçar de sonoridades que vão desenvolvendo aquilo que será definido como o som característico da banda.

Passados os preparativos e chega finalmente Make the First Move, primeiro grande hit do disco. A levada puxando para a New Wave faz com que até o violoncelo pareça propicio para a dança, mas isso ainda é pouco perto do que está por vir. Antes de entregar o ouro, a banda solta a romântica Is She, que não chega a cair desânimo, mas se apresenta de forma menos enérgica do que as demais canções. Entretanto qualquer tipo de melancolia torna-se esquecida com Touching, faixa que se não era pra ser acaba repleta de referências eróticas. Fora isso é a levada meio puxada para o ska, lembrando em determinados momentos como um Specials mais pop, que acaba predominando.

Para deixar o ouvinte ainda mais preso ao disco, o quarteto solta a poderosa Heidelberg, que mesmo ausente de vocais se mostra como uma das faixas mais explosivas de todo o trabalho, abrindo espaço para que diferentes solos instrumentais possam se apresentar. Chega, então, o momento que todos aguardavam: Gangsta. Entregue ao reggae e com boas pitadas de rock, a faixa repleta de minuciosos detalhes se apresenta como uma das canções mais divertidas do ano, ecoando sua excepcionalidade até na canção seguinte, Drø Sø, outra faixa pop programada para viciar logo na primeira audição.

Fica visível como há uma divisão dentro do álbum, dois lados bem caracterizados e distintos. Na primeira parte a banda se mantém numa levada mais polida e até simplista demais, indo da canção de abertura até Is She. Já na parte “B” é que o quarteto se revela, soltando uma sucessão de guitarradas e solos de piano descontrolados, que dão forma a uma sonoridade marcada pela dança e um clima festivo. Até para quem está acostumado a trabalhos marcados por um ritmo dançante (como muito do que é lançado no rock nacional), até que os noruegueses não fazem feio e conseguem impressionar com facilidade.

Hest (2011)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Vampire Weekend, The Whitest Boy Alive e Dinosaur Feathers
Ouça: Gangsta

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.