Disco: “High Flying Birds”, Noel Gallagher

/ Por: Cleber Facchi 13/10/2011

Noel Gallagher
British/Rock/Britpop
http://www.noelgallagher.com/

Por: Cleber Facchi

Nenhum projeto que estreou em 2011 conseguiu ser tão pretensioso e mal desenvolvido quanto o trabalho de estreia do Beady Eye. Em cada uma das 13 faixas de Different Gear, Still Speeding vê-se claramente a figura de Liam Gallagher, um compositor fajuto, apoiado em velhos ganhos do passado – diga-se Definitely Maybe e (What’s the Story) Morning Glory? –, quando ainda atuava ao lado do Oasis. Estranho observar que fazendo uso das mesmas experiências musicais, seu irmão Noel consegue transitar por um caminho oposto, transformando Noel Gallagher’s High Flying Birds em um registro que mesmo apoiado em velhas experiências do passado – tais quais as experimentadas por seu irmão caçula – passa longe de soar como uma cópia.

Aqueles que realmente conhecem a história do Oasis talvez já esperassem isso quando a banda começou a se desmantelar ao final de 2009, afinal, desde o início do grupo Noel havia se prontificado em assumir tanto a sonoridade quanto os versos apresentados pela então recente banda. Entretanto, com o passar dos anos o nível das composições foi decaindo, ao mesmo tempoem que Liampassou a ter uma maior participação dentro do grupo. Era hora do irmão mais velho buscar por novos ares e mudar a direção de seu voo.

Quem ainda esperava que de alguma forma Noel traçasse um tipo de som diferente daquele proclamado por sua banda há duas décadas, talvez acabe decepcionado com o resultado proposto no primeiro registro solo do artista. Grande parte das canções presentes no disco remetem diretamente aos grandes sucessos do músico em seu período de glória, algo que obviamente deve agradar aos velhos seguidores do cantor, mas que de forma alguma conseguem transformar o álbum em um trabalho tão memorável e dono dos mesmos resultados propostos por ele no passado.

Noel Gallagher’s High Flying Birds é um álbum agradável de ouvir? É. O disco agrega boas composições? Sim. O registro merece todo o rebuliço criado em cima dele? De maneira alguma. Por mais que em seus minutos iniciais o álbum até consiga gerar uma boa aproximação com o ouvinte – tanto Everybody’s On The Run quanto The Death Of You And Me remetem aos grandes momentos criativos do músico -, nada do que se apresenta dentro do disco supera ou sequer consegue se distanciar dos antigos trabalhos do britânico, fazendo com que o registro repasse certa dose de similaridade entre suas composições.

Se buscasse pelo desenvolvimento de um álbum distante de qualquer coisa que já tivesse experimentado, Noel obviamente conseguiria um resultado menos óbvio, sendo inclusive capaz de por em xeque seu próprio público, há décadas preso em um universo de mesmas exposições sonoras. Entretanto, não é assim que se desenvolve o disco. Gallagher chega ao ponto de cometer auto-plágio em If I Had a Gun, utilizando de uma base instrumental descaradamente próxima do clássico Wonderwall.

Todavia, contrário ao vergonhoso trabalho apresentado por seu irmão – alguém ainda acredita que Beady Eye é uma banda e que não segue as ordens diretas de Liam? -, em sua primeira produção longe do Oasis, Noel consegue propiciar um trabalho harmônico, até bem desenvolvido e (incrivelmente) capaz de apresentar alguns experimentos – ao flertar com um ritmo mais dançante em AKA… What a Life! ele prova isso -, claro, dentro de seus limites. Na eterna briga entre os irmãos Gallagher, não é preciso muito esforço para ver quem realmente saiu como vencedor.

Noel Gallagher’s High Flying Birds (2011, Sour Mash)

Nota: 6.5
Para quem gosta de: Oasis, Miles Kane e Richard Ashcroft
Ouça: Everybody’s On The Run

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.