Disco: “Histórias Sem Começo, Meio e Fim”, Brinde

/ Por: Cleber Facchi 23/02/2011

Brinde
Brazilian/Power Pop/Indie
http://www.myspace.com/brinde

 

Talvez por conta nas inúmeras possibilidades vergonhosas que encontramos sob o rótulo de “pop rock” seja difícil se aventurar pelo estilo com coragem. Mas aos que ainda acreditam na possibilidade de encontrar um álbum desse porte sem o medo de esbarrar com algo que nos afunde em constrangimentos o trabalho de estreia da banda baiana Brinde é indubitavelmente um grande acerto. Lançado em 2004 através do selo Monstro Discos o disco é uma ode aos grupos britânicos que encantaram o público com suas músicas acessíveis e que aqui chegam em alto e bom português.

Ao ouvir Histórias Sem Começo, Meio e Fim é difícil se desvincular de rótulos como “fácil”, “Pop” e “Pegajoso”, afinal o disco é inteiro assim, uma pequena coleção de 13 canções dotadas de ritmo e fôlego que dificilmente vão passar despercebidas pelo ouvinte. A banda segue buscando referências no rock melódico dos Beatles, passando por The Who, Kinks, até aterrissar no britpop dos anos 90 através de bandas como Blur e Supergrass. Não vá procurando por algum passeio psicodélico ou picos de raiva, o som dos baianos é básico, porém competente.

Ao ouvir o som da Brinde você logo fica se perguntando “como esses caras não são famosos?”, “alguém me explica o motivo deles não tocarem nas rádios?” e segue a lista de questionamentos. Nas letras que falam de amor, saudade e outros sentimentos em caráter juvenil Henrique Neves (voz/guitarra), Leno Blumetti (baixo), e Voltz (bateria) não se apoiam em letras difíceis ou qualquer tipo de enrolação para expressar o que sentem.

Talvez seja por isso não conseguir evitar o interesse em faixas como Cedo Ou Tarde (Pois a surpresa vai chegar/ Seja cedo ou tarde/ Não precisa disfarçar, você sabe o bem/ Que o (tempo faz) futuro me fará), Nunca Fiz Por Merecer (Sem perceber que era assim quando fui vencer/ Para quem voava se perder/ Tão distante que eu nem podia acreditar) ou ainda na simplória Mesmo Assim (Virei refém dessa sua indecisão/ Tremenda confusão/ Estive todo momento nas suas mãos/ Você nem fez questão).

Diferente das bandas que naquele período se encaminhavam por uma sonoridade mais alternativa e buscavam por um som muito mais complexo, o trio segue a mesma trilha de bandas como Wonkavision, Ludov e Impar, ou seja, conseguem agradar cercando-se de referências e fórmulas fáceis que colam nos ouvidos já na primeira audição. A banda é simplesmente similar a tudo o que toca nas rádios ou aquilo que seu irmão mais novo gosta de ouvir. A diferença está na qualidade (mesmo que simples) das letras, nas guitarras melódicas e no total espírito pop que se encontra em cada uma das canções desse disco. Um trabalho focado no pop rock, mas que em nenhum momento se perde em erros.

Apesar de o álbum vir dotado de alguns problemas técnicos por conta da prensagem na fábrica, além de alguns erros na impressão do encarte (o que causou certo desconforto aos membros da banda e ao produtor André T.) a estreia dos baianos do Brinde funciona tranquilamente. Um disco coeso, livre de enrolações e que prima por ser simples.

 

Histórias Sem Começo, Meio e Fim (2004)

 

Nota: 7.8
Para quem gosta de: Impar, Ludov e Wonkavision
Ouça: Se Me Distraio

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.