Disco: “Honeys”, Pissed Jeans

/ Por: Cleber Facchi 20/02/2013

Pissed Jeans
Punk/Noise/Rock
https://www.facebook.com/pages/Pissed-Jeans/

Por: Fernanda Blammer

Pissed Jeans

Talvez se tivesse ouvido Shallow (2005), primeiro registro em estúdio da banda Pissed Jeans pela primeira vez hoje, provavelmente teria dito que o grupo não seria capaz de sustentar por um ou mais discos. Entretanto, bastam os instantes iniciais de Honeys (2013, Sub Pop) para perceber que o grupo ainda tem uma longa carreira pela frente. No ápice da inventividade (ou seria ainda o começo), a banda de Allentown, Pennsylvania faz do recente álbum uma coleção de berros e guitarradas tão ferozes quanto em começo de carreira. Uma sequência de catarses que se arrastam em meio a ruídos desgovernados, prontos para explodir os tímpanos mais sensíveis.

De proposta jovial, o novo álbum mantém de forma decidida a mesma sequência de sons acinzentados e gritarias não maquiadas que outrora definiram o começo de carreira do grupo. Desse ponto, é possível observar o trabalho do quarteto norte-americano de duas formas: primeiro como uma banda madura e que soube como aproveitar o que há de mais assertivo ao longo dos anos, segundo como um grupo de pós-adolescentes que mantém o mesmo exagero cômico do passado. Uma proposta que tende ao descartável em diversos instantes, ao mesmo tempo em que transforma o trabalho da banda em um registro de clara longevidade.

Contrariando parte expressiva do que conceitua a cena norte-americana em dois grupos bem delimitados de artistas – aqueles que se envolve com o “punk sério”, introspectivo e político, contra quem lida com o “punk diversão” de apelo descartável -, Honeys incorpora ao longo de 12 faixas uma multiplicidade que naturalmente engrandece a proposta do grupo. É como se o quarteto fosse capaz de manter um meio termo entre a maturidade sombria que envolve os trabalhos do Converge – principalmente All We Love We Leave Behind – e The Men, enquanto a mesma energia crua (e drogada) imposta no trabalho do Trash Talk se revela na mesma intensidade.


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Partindo desse princípio, cada faixa no decorrer do álbum se apresenta como uma forte surpresa. Enquanto a inaugural Bathroom Laughter evidencia toda a agilidade e a capacidade da banda em soar próxima do público, Chain Worker que chega logo em seguida rompe abertamente com isso. Suja e experimental, a composição intensifica o que já vinha sendo explorado desde os primeiros trabalhos da banda, marca que se materializa também na construção da rapidinha, porém instigante, Something About Mrs. Johnson. Quase um aperitivo para o que chega logo em sequência com o corpo final de canções, a música brinca com o que há de mais estranho no universo do Pissed Jeans, provando que mesmo depois de quatro discos, a banda mantém a boa forma.

Imprevisível, o álbum desemboca em uma série de ambientes talvez impossíveis em outros trabalhos do gênero. Caso de Male Gaze, um grunge amargo e de vocais intensos que revive a boa fase do Nirvana durante a construção de In Utero (1993). Outro exemplar de atuação curiosa dentro do álbum é Cathouse, faixa que brinca com o mesmo tipo de aceleração e jovialidade que se derrama em Celebration Rock (2011) do Japandroids, marca que afeta tantos os vocais rasgados, como a sonoridade crescente e dançante da canção. Sobram ainda passagens por outros campos da música, proposta que mesmo distinta, nunca se distancia da marca sombria que aproxima de forma concisa todas as canções.

Assim como o primeiro álbum da banda, lançado há quase uma década, Honeys energiza e prende o ouvinte em uma sequência desesperada de vozes, ruídos e batidas que mesmo vastas nunca fogem de um contexto próprio. De forma nítida, a energia que passeia pelos primeiros trabalhos do grupo ainda é mesma, talvez até mais intensa ou explorada de forma mais adequada em relação ao passado recente do quarteto, o que faz do grupo (e do presente álbum) um pedaço à parte do que atualmente define o punk norte-americano.

Pissed Jeans
Honeys (2013, Sub Pop)

Nota: 7.9
Para quem gosta de: Converge, The Men e Trash Talk
Ouça: Bathroom Laughter

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.