Disco: “Hospitality”, Hospitality

/ Por: Cleber Facchi 26/01/2012

Hospitality
Indie/Female Vocalists/Alternative
http://www.myspace.com/hospitalitylives

 

Por: Fernanda Blammer

Tudo que é vindo da cena musical do Brooklyn, Nova York é sempre inventivo, revolucionário ou capaz de se opor aos redutos de obviedade da música convencional, certo? Errado. Por mais que uma pequena parcela de artistas que abriguem o epicentro da música indie norte-americana sejam capazes de desenvolver significantes mudanças a cada novo trabalho, um número mais do que significativo de outros artistas parecem não interessados em promover grandes (ou pequenas) revoluções, transformando o básico e o convencional na matéria-prima para cada novo trabalho lançado.

Exemplo disso está no homônimo primeiro álbum da tríade Hospitality, banda também habitante da região do Brooklyn e grupo que parece não interessado (pelo menos por enquanto) em promover as mesmas experiências e distinções instrumentais que vizinhos como Grizzly Bear, Vampire Weeknd ou demais projetos conterrâneos tem explorado. “Básico” e apoiado em um indie rock não acelerado, o disco transforma a simplicidade em uma possibilidade para faixas bem encorpadas e agradáveis ao ouvinte.

Imagine um Deerhoof menos drogado (e experimental) ou um The Fiery Furnaces sem as pequenas esquisitices dos irmãos Matthew e Eleanor Friedberger, assim funciona a estreia da banda composta por Amber Papini, Nathan Michel e Brian Betancourt. Formada há pouco tempo, o grupo conseguiu com grande esforço e boas apresentações atrair os olhares do influente selo Marge Records, casa de algumas das bandas mais influentes da cena alternativa norte-americana e escolha mais do que acertada para abrigar as proeminentes composições do trio.

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Conduzido inteiramente pelos agradáveis vocais de Papini, o disco vai ao longo de 32 minutos não apenas revelando um conjunto de composições entusiasmadas e bem produzidas, como deixa mais do que claro os prováveis rumos que a banda pode vir a explorar futuramente. Quase todo centrado na tríade básica guitarra, baixo e bateria, o trabalho se destaca quando os mesmos instrumentos se abrem a novas possibilidades, algo que as guitarras quebradas da faixa Friends of Friends e até algumas inclusões de teclados em Betty Wang acabam evidenciando.

Em alguns momentos a calmaria e os incrementos mais adocicados do trabalho acabam revelando novas tonalidades ao som da banda. Os overdubs de vozes e o intensificado uso de teclados (como na faixa The Right Profession) fazem com que o trio soe como algum grupo sueco, algo entre a sonoridade crescente do Shout Ou Louds e o enfoque feminino do Those Dancing Days – nos momentos mais brandos, claro. Essa pequena variante de novos elementos acaba garantindo identidade ao trabalho da banda, que mesmo apoiada em uma fluidez convencional passa longe de promover algo exageradamente comum.

Típico registro de estreia de um grupo iniciante, o álbum transparece a necessidade da banda em se encontrar, desenvolver identidade e angariar um público, sempre com certa dose de receio e timidez. Mesmo que ainda falte ao grupo algum ingrediente especial que lhes garanta verdadeiro destaque, à medida que as dez faixas do disco se desenvolvem, mais somos tragados para junto das pequenas sensações proclamadas pelos nova-iorquinos, que mesmo distantes de promoverem um trabalho dotado da mesma complexidade e distinção de alguns artistas conterrâneos acertam, e muito com suas criações simples e valorosas.

Hospitality (2012, Merge)

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Eleanor Friedberger, The New Pornographers e The Fiery Furnaces
Ouça: Friends of Friends

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.