Disco: “Hotel Shampoo”, Gruff Rhys

/ Por: Cleber Facchi 26/01/2011

Gruff Rhys
Indie/Singer-Songwriter/Alternative
http://www.myspace.com/gruffrhys24hrs

Paralelo ao eficiente trabalho com o Super Furry Animals, Gruff Rhys segue com uma bem estabelecida carreira solo. Se com sua banda oficial o músico vem inspirado por um rock alternativo com toques de psicodelia, em sua carreira alternativa é testando novas fórmulas que o artista lança seus trabalhos. Com Hotel Shampoo (2011) o músico aposta em composições comportadas, melodias pop e uma instrumentação caprichada.

Se contabilizado os lançamentos com o Neon Neon (em que trabalha com o produtor Boom Bit e traz como foco a música eletrônica) e com a fracassada parceria com o brasileiro Tony da Gatorra em 2010 (no álbum The Terror of Cosmic Loneliness), esse é o quinto disco da carreira particular de Rhys. O primeiro álbum veio em 2005 com Yr Atal Genhedlaeth, um disco divertido e cantando inteiramente em idioma galês. Mas é com o trabalho de 2007, Candylion, que o músico realmente entrega o ouro. Um projeto delicado, repleto de bons arranjos e participações que contam com o grupo de post-rock Explosions in The Sky, além da produção impecável de Mario Caldato Jr (que já trabalhou com gente como Beastie Boys e Planet Hemp).

Seu novo álbum Hotel Shampoo (o nome vem da coleção que Rhys tem de xampus recolhidos nos hotéis em que fica durante as turnês) pode ser definido em uma palavra: bonito. Com produção do amigo Andy Votel (produtor e DJ inglês) o disco se prende a construção de faixas marcadas por pianos, um ótimo arranjo de cordas e metais, os vocais polidos de Rhys, além de uma aura de banda de baile, que fica bem visível quando ouvido o disco integralmente. Gruff surge como uma espécie de cantor dentro de um hotel imaginário, embora em alguns momentos a sonoridade marcada pelas guitarras acabe afastando o disco de seu foco, como com Patterns Of Power, uma ótima canção pop que segue encabeçada por boas guitarras.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=tKVWDbZ_EIc]

Se em Candylion havia um favoritismo por faixas comportadas e arranjos mais detalhados, que contavam com a inserção de xilofones e uma instrumentação acústica, com o novo trabalho o músico aposta em um lado elétrico das músicas. Mas como já dito, mesmo que a sonoridade acústica tenha diminuído, o disco segue de maneira comportada e indispõem de musicas mais pesadas, como explorado por Rhys no Super Furry Animals.

Hotel Shampoo apresenta dois tipos de canções. Parte do álbum conta com o lado sofisticado “músico de hotel”, que nada mais é do que uma continuação do que Gruff explora em Candylion. Vem daí canções como Honey All Over, Vitamin K, Sophie Softy e outras pérolas delicadas e dotadas de uma instrumentação excepcional. O outro lado é agregado por composições menos detalhistas e até mais enérgicas como Christopher Columbus que vem carregada de efeitos de guitarra e uma bateria radiante. Em Space Dust #2, Gruff chama a sueca Sarah Assbring do grupo El Perro Del Mar para um belíssimo dueto. A faixa acaba destacando ainda mais esse lado delicado do álbum.

Embora seja marcado por excelentes composições, alguns deslizes como Ruble Ruble vem para atrapalhar o disco, além da forma excessivamente contida de algumas canções. Entretanto isso é um mero detalhe. O terceiro disco de Gruff Rhys é um ótimo trabalho e que cresce embalado através de um conjunto de faixas que exalam um pop puro e descontraído.

Hotel Shampoo (2011)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Super Furry Animals, Neon Neon e Ben Kweller
Ouça: At The Heart Of Love

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.