Disco: “House Of Balloons”, The Weeknd

/ Por: Cleber Facchi 30/03/2011

The Weeknd
Canadian/R&B/Electronic
http://the-weeknd.com/

Por: Cleber Facchi

De tempos em tempos certos gêneros musicais acabam redescobertos, se revelando de maneira inovadora, como se nunca antes fossem conhecidos. Dessa vez é o R&B e a Soul Music como um todo que parecem ganhar destaque, gêneros que estiveram presentes em uma série de trabalhos importantes de 2010, como a estreia do How To Dress Well ou da dupla Mount Kimbie, sem contar com a volta de Gil Scott-Heron. Em 2011 quem dá seguimento ao estilo é James Blake com sua estreia mais do que excelente e afundada em uma temática minimalista. Seguindo por uma via similar, o canadense Abel Tesfaye mostra em seu também debut o motivo de o estilo estar tão em voga.

“Sexy”, difícil não rotular o trabalho com tal nominação, afinal, tudo dentro de House Of Balloons (2011) soa de forma envolvente, intimista e sedutora. Dos vocais do norte-americano (que atua sob o nome de The Weeknd), às batidas sofisticadas e quentes, até as várias incursões instrumentais, tudo auxilia no desenvolvimento de uma climatização acalentadora. Quem achava que Wilhelms Scream seria a única “fuck music” do ano, prepare-se para uma enxurrada de faixas abrasivas, feitas quase ou exclusivamente para momentos íntimos.

Enquanto Blake nos encaminha para dentro de sua atmosfera intimista por meio das reverberações de um dubstep minimalista, The Weeknd soa grande ou pelo menos não se resume a sons controlados, arranjos pequenos e uma instrumentação baixa. Basta ver Coming Down como exemplo. Tanto as batidas com os vocais levemente tunados de Tesfaye impõem peso e amplitude, quase escondendo as texturas e camadas de teclados, reservando para elas um espaço bem ao fundo. Se for para ser envolvente então que não existam esforços, pelo menos é isso que acaba transparecendo.

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Mesmo que House Of Balloons seja um disco que não se prenda totalmente aos detalhes, movimentando um tipo de som mais direcional, procurar ou se ater às pequenas alterações que constituem as bases das faixas é sem dúvidas um exercício interessantíssimo. The Party & The After Party, por exemplo, além de brincar com um sampler de guitarra (quebrando o instrumento em diversos pedaços), acaba reconfigurando Master Of None do Beach House, se aproveitando das bases e de longos trechos da música para formalizar um dos momentos mais agradáveis de todo o trabalho.

Se a temática sexual é o que acaba exposta através da instrumentação que movimenta o álbum, nas letras o canadense se entrega completamente a um universo tenebroso e recheado de alusões lisérgicas. Há desde referências à cocaína, como em House Of Balloons/Glass Table Girls até transições oníricas fortemente inspiradas pelo uso de drogas, elemento que se mantém presente em praticamente todas as canções. A cada nova faixa vê-se o lamento e os versos sofridos de Abel.

“Abra sua cabeça e não tenha medo”, canta Tesfaye já na faixa que abre o disco, High For This. E é muito nisso que se baseia todas as canções que compõem a estreia do The Weeknd, deixar que elas se espalhem, invadam os ouvidos, que o ouvinte possa absorver todas as tonalidades de cada uma das nove músicas desse trabalho. Logo, sem que você perceba estará perdido ou completamente entregue a faixas como What You Need e Wicked Games, fluindo de acordo com os vocais do produtor, completamente dentro dessa casa de balões.

House Of Balloons (2011)

Nota: 8.6
Para quem gosta de: James Blake, Drake e How To Dress Well
Ouça: The Party & The After Party

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.