Disco: “How To Get To Heaven”, Gospel Music

/ Por: Cleber Facchi 03/11/2011

Gospel Music
Indie Pop/Folk/Alternative
http://www.facebook.com/gospelmusicfla

Por: Fernanda Blammer

Se existe um culpado pelo emaranhado de composições doces que delimitaram a boa fase do grupo norte-americano Black Kids – através do EP Wizard of Ahhhs -, então Owen Holmes assume individualmente essa culpa. Multi-instrumentista, Holmes surge agora apresentando seu novo trabalho, How To Get To Heaven From Jacksonville, FL (2011, Kill Rock Stars), mais novo registro em estúdio à frente do projeto Gospel Music, que apesar do que o nome aponta, em nada se relaciona com qualquer tipo de exaltação religiosa.

Diluído em um universo de canções simplistas e iluminadas por uma estranha aura matinal, o registro fornece ao ouvinte um conjunto de 11 composições exploradas de maneira serena, faixas que encontram na simplicidade a grandiosidade de seus elementos. Seguindo à risca os mandamentos instaurados por grupos como Belle and Sebastian e The Magnetic Fields, além de comportar uma tonalidade muito próxima dos twee groups suecos, Holmes fornece ao espectador 25 minutos de doces calmarias e delicadas exposições instrumentais.

Por mais que os minutos iniciais do álbum transportem o ouvinte para algum estúdio caseiro no começo dos anos 90, os minutos seguintes à faixa de abertura permitem escorrer uma sucessão de composições límpidas e perfumadas por um doce aroma bucólico. Muitas das faixas parecem perfeitas para conduzir um passeio pelo parque em um dia ensolarado, circundando confortavelmente o ouvinte e transportando-o para um tipo de ambiente colorido e aconchegante.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=JDJguz_TLDk]

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=1_uviCysgiM]

Embora venha da ensolarada Jacksonville, Flórida, Holmes compõem um tipo de som que dialoga diretamente com o que é produzido nas frias terras dos países nórdicos, reproduzindo um tipo de sensação que só parecia ser encontrada no trabalho de bandas como Kings Of Convenience ou Club 8. Esse tipo de unidade instrumental delicada é o que transforma o álbum em um trabalho realmente atrativo, fluindo despretensiosamente até seus últimos segundos e encantando mesmo aqueles que nunca se interessaram por esse tipo de som.

Mesmo acompanhado de um vocal feminino em algumas composições, Holmes repassa constantemente a sensação de solidão, não de forma melancólica, mas de maneira sublime. Essa estrutura solitária do trabalho é o que acaba delimitando seus contornos intimistas, como se em diversos momentos o cantor dialogasse diretamente com o ouvinte através de seus versos, estabelecendo uma doce conexão que inicia na abertura do trabalho e segue até seus últimos momentos.

Por mais que a tonalidade simplista do álbum acabe se traduzindo como o grande acerto do registro, muito do que engrandece a obra do Gospel Music está no explorar de uma sonoridade um pouco mais ampliada. Tanto o uso de um bandolim em Bedroom Farce como a forte aproximação com o Indie Pop em We Think The World Of You proporcionam um resultado mais gratificante, pavimentando um possível e consistente caminho para os próximos trabalhos do músico.

How To Get To Heaven From Jacksonville, FL (2011, Kill Rock Stars)

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Black Kids, Ra Ra Riot e Kings Of Convenience
Ouça: We Think The World Of You

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.