Disco: “Hysterical”, Clap Your Hands Say Yeah

/ Por: Cleber Facchi 07/09/2011

Clap Your Hands Say Yeah
Indie/Alternative/Indie Pop
http://clapyourhandssayyeah.com/

 

Por: Cleber Facchi

Poucas bandas norte-americanas conseguiram causar um impacto musical tão grande em 2005 quanto o quinteto nova-iorquino Clap Your Hands Say Yeah, através do seu homônimo trabalho de estreia. Donos de um som intencionalmente precário e parcialmente sujo, além de serem responsáveis por versos que pareciam atender todas as demandas dos amantes do rock alternativo, em pouco tempo de atuação a banda rompeu seus limites com o público indie que vinha os acompanhando desde suas primeiras e hoje obscuras apresentações, caindo rapidamente nas graças de uma boa parcela do grande público.

Figura cada vez mais frequente nos principais veículos de comunicação e festivais norte-americanos (e internacionais), em 2007 o grupo questionaria seu variado grupo de seguidores ao lançar o irregular Some Loud Thuder, um trabalho que mesmo atrelado ao som que delineava o primeiro trabalho da banda (talvez até mais Lo-Fi), investia em uma temática bem mais rebuscada, além de versos não tão encantadores quanto aqueles que os tornaram conhecidos. Como resultado, uma chuva de críticas foram despejadas sob a banda, que não encontrou outra alternativa a não ser entrar em férias quase forçadas, permitindo que seus membros partissem para alguns projetos paralelos.

Após quatro anos de reflexões e descanso, o CYHSY está finalmente de volta, concentrando todos seus esforços em 12 composições inéditas que crescem em uma estufa musical sob o nome de Hysterical (2011, Independente). Buscando referências no primeiro registro da banda, mas ao mesmo tempo mantendo uma constante ligação com o segundo registro do grupo, em seu terceiro álbum o quinteto do Brooklyn desenvolve seu trabalho mais distinto até o presente momento, promovendo um tipo de som muito mais rebuscado e um tipo de atmosfera acústica que vai crescendo e tomando melhores proporções ao longo do trabalho.

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É muito provável que o grande vilão nessa nova etapa da banda seja ela mesma, afinal, os quatro anos em que o quinteto passou sem produzir qualquer composição inédita fez com que cada um dos dois trabalhos anteriores fossem dissecados ao máximo, com os ouvintes absorvendo cada canção dos discos de forma intensa e exaustiva. Dessa forma, ao nos depararmos com a limpidez instrumental ou mesmo os novos rumos explorados em Hysterical é muito provável que registro possa soar de forma estranha em suas primeiras execuções, algo que felizmente tende a diminuir com o passar do tempo.

Não há como comparar o registro atual com os dois álbuns anteriores – principalmente com o primeiro -, afinal, a estética do trabalho é completamente diferente. Músicas como Into Your Alien Arms e Siesta (For Snake) – dois dos melhores exemplares do disco – mostram bem essa nova sonoridade que acompanha o grupo, com os nova-iorquinos tratando suas canções com uma dose absurda de teclados e reverberações que puxam o som do quinteto para um terreno quase psicodélico, distanciando a banda do indie rock tradicional e que cheirava aos anos 90, como Heavy Metal, The Skin Of My Yellow Country Teeth e outras faixas do primeiro álbum deixavam transparecer.

Hysterical é de maneira incontestável um trabalho muito melhor resolvido que seu antecessor, com o Clap Your Hands pavimentando um caminho que pode se repetir em seus futuros lançamentos. Embora não se façam presentes faixas dotadas do mesmo espírito de outrora, por todos os cantos do trabalho eclodem músicas carregadas de detalhes e belos versos, faixas como a épica Adams Plane no fechamento do disco, ou mesmo a doce e delicada In A Motel – além das canções acima mencionadas -, composições que engrandecem a obra do grupo norte-americano e crescem surpreendentemente conforme somos absorvidos ou vamos absorvendo cada frequência do disco.

 

Hysterical (2011, Independente)

 

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Wolf Parade, Sunset Rubdown e Architecture In Helsinki
Ouça: Into Your Alien Arms e Siesta (For Snake)

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.