Disco: “I Am Very Far”, Okkervil River

/ Por: Cleber Facchi 06/05/2011

Okkervil River
Indie/Folk/Alternative
http://www.myspace.com/okkervilriver

Por: Fernanda Blammer

Embora pouco lembrada em terras tupiniquins, a banda texana Okkervil River é dona de uma das discografias mais bem construídas da história do rock alternativo norte-americano. Na ativa desde 1998, quando um grupo de estudantes encabeçados por Will Sheff resolveu, à princípio, fazer música por diversão, a banda, dona de uma sonoridade que passeia pela música folk, o country alternativo e o indie rock volta com mais um conceitual disco de estúdio, o coeso I Am Very Far (2011), trabalho que entrega o grupo em uma espécie de celebração musical orquestrada, repleta de sons crescentes e uma musicalidade invejável.

Esqueça o uso de letras melodramáticas, concentradas em relacionamentos que não deram certo e lamentos clichês, afinal, dentro dos trabalhos da banda de Austin o imaginário e suas histórias fantásticas é que tomam conta. Sereias, Piratas, histórias sobre navegação e universos dominados por criaturas oníricas são apenas alguns dos elementos retratados pelo grupo, que mesmo quando focam em temas casuais e acontecimentos cotidianos preenchem as composições com esses pequenos elementos míticos, elementos estes, que quando se encontram com a instrumentação mágica da banda encontram a medida perfeita, algo mais do que perceptível dentro desse novo disco.

Surgindo como um cruzamento entre o Arcade Fire da fase Funeral, com o Titus Andronicus do álbum The Monitor, sem contar nas letras dos primeiros trabalhos do The Decemberists, este sexto LP do Okkervil River se revela como um dos trabalhos mais bem organizados da carreira da banda. O disco é perceptivelmente mais fácil de ser digerido que outros clássicos dos texanos, como The Stage Names lançado em 2007 e indubitavelmente o melhor registro da carreira do grupo. As melodias, antes encaminhadas de forma orquestrada, agora ganham um toque mais pop, o que intensifica o bom rendimento do projeto.

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Se anteriormente a banda – hoje formada por Will Sheff, Scott Brackett, Cully Symington, Patrick Pestorius, Justin Sherburn e Lauren Gurgiolo – trabalhava sonorizações mais concisas e em alguns momentos levemente intimistas,  I Am Very Far acaba se revelando como um quase oposto a isso. Tudo se dissolve de maneira grandiosa, com uma instrumentação convidativa, que a todo o momento obriga o ouvinte a cantar à plenos pulmões, se entregando de vez no explosivo jogo de acordes e sensações criados pelo grupo.

Embora as canções se organizem através de uma instrumentação finamente acústica, o resultado adquirido ao longo do álbum desponta um caráter de pluralidade sonora, onde a climatização construída torna-se muito mais relevante do que a percepção individual de cada instrumento per si. Isso, porém, não impede que alguns elementos ganhem maior destaque e tornem-se perceptíveis, como a percussão em Rider e White Shadow Waltz, ou o formidável arranjo de cordas em We Need a Myth, que apenas servem de complemento às faixas.

Mais do que um simples disco de estúdio,  I Am Very Far é um verdadeiro livro de histórias fantásticas musicadas. É como se a cada nova canção Will Sheff virasse as páginas para contar uma nova aventura, envolvendo monstros marítimos, navegações turbulentas ou um caso de amor com uma sereia. A música por sua vez vem como uma grande trilha sonora, contribuindo para o clima tenso, romântico, misterioso desbravado ao longo do livro. A única obrigação é a do ouvinte, que terá de fechar seus olhos e se deixar conduzir em meio aos contos musicados da banda, se entregando de vez ao campo do imaginário.

I Am Very Far (2011)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Shearwater, Titus Andronicus e Arcade Fire
Ouça: Rider

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.