Disco: “I Love You Dude”, Digitalism

/ Por: Cleber Facchi 27/05/2011

Digitalism
German/Electronic/Electro
http://www.myspace.com/digitalism

Por: Cleber Facchi

Quando o single Blitz foi lançado em meados de 2010 tinha início o que seria o segundo disco de estúdio do duo germânico Digitalism. Tanto a faixa quanto o clipe transpareciam o que seria uma clara sequência do clássico imediato Idealism (2007), disco que logo ao ser apresentado alavancou o duo Jens “Jence” Moelle e İsmail “Isi” Tüfekçi para junto dos novos e importantes nomes da eletrônica que surgiam naquele momento, como Justice e Simian Mobile Disco. Quase um ano depois do entusiasmado single, a dupla retorna, tentando dar sequência ao que foi lançado em sua excelente estreia através de I Love You Dude (2011).

Antes de sua estreia, boa parte do que iria compor o novo disco dos alemães já fora exposto, como era o caso de 2 Hearts, Forrest Gump (parceria com Julian Casablancas do The Strokes) e o recente Miami Showdown. Sozinhas, as composições transpareciam uma dupla ainda mais entregue aos sons da década de 1980, ausentes dos hits carregados de elementos sintéticos e do colossal armamento de sintetizadores e batidas ruidosas. Parecia que o Digitalism havia abraçado de vez a música pop (o que de fato acontece) se aproximando de algum muito mais humano e menos artificial. Porém, dentro do todo, coerentemente encaixadas em suas específicas posições, até que as faixas e o álbum como um todo não são ruins.

De fato há pouco invento, muito do que é desenvolvido nesse segundo disco apresenta traços bem semelhantes aos encontrados na estreia do duo. Surge também o que parece ser uma fração dos hits, espalhados em vários pontos do disco o que deixa o disco mais conciso e interessante como todo. Faltam porém faixas capazes de superar o sucesso lançado por Pogo, Magnets, I Want I Want ou os demais arrasa-quarteirões do trabalho anterior. As batidas secas e o clima explosivo parecem deixados de lado, em prol de um som mais brando, mais comercial, mas de certo modo ainda interessante.

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I Love You Dude não é um disco experimental, porém permite que a dupla de produtores arrisque mais em certos momentos, testando novas formas de construir seus sons. Isso fica evidente em Reeperbahn, com uma pendência visível ao rock industrial (lembrando até um Nine Inch Nails do álbum The Slip em determinados pontos) ou em Just Gazin’, cruzando samplers de violão com uma dose extra se sons eletrônicos, dando vida a um dos momentos mais suaves do disco. Além desse caráter de experimentação, o novo álbum se posiciona de maneira mais controlada, sem o exorbitante número de faixas do disco que o precede (14 no total), mostrando que mesmo mais “tranquilos” o duo ainda sabe (e muito bem) o que está fazendo.

Embora alguns claros erros, como a desnecessária Forrest Gump – um electro rock clichê e que transparece toda a presença de Casablancas como seu compositor – acabem se evidenciando, o disco predomina em acertos. A suavizada Stratosphere surge como uma bela abertura ao álbum, anunciando que o clima exaltado e as batidas espancadas de outrora foram substituídas, embora ainda exista fôlego e inúmeros convites à dança dentro do álbum. Blitz, Circles e Miami Showdown são incontestáveis as canções mais intensas do disco, que ao mesmo tempo em que se ligam com o disco de estreia, despontam um caráter de inovação.

Fica entendido em I Love You Dude, que a dupla nos comandos do Digitalism parece rumar para uma sonoridade menos anfetaminada que em sua estreia, partindo para o desenvolvimento de uma eletrônica mais detalhista, levemente próxima do que Cut Copy, Grum e Miami Horror tem desenvolvido. Entretanto, ao mesmo tempo em que surgem os detalhes, o espírito dançante ainda se faz presente, com o duo desenvolvendo uma boa simbiose entre os dois elementos. Se desprenda das expectativas e deixe que a dupla diga que te ama, cara.

I Love You Dude (2011)

Nota: 6.5
Para quem gosta de: Justice, Simian Mobile Disco e SebastiAn
Ouça: Blitz

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.