Disco: “Idle Labor”, Craft Spells

/ Por: Cleber Facchi 22/03/2011

Craft Spells
Indie/Dream Pop/Electronic
http://www.myspace.com/craftspells

Por: Cleber Facchi

Da mescla entre o dream pop e toques nada controlados de música eletrônica surge o primeiro disco de estúdio da banda de Seattle Craft Spells. Transitando pelo mesmo universo de grupos como The Pains Of Being Pure At Heart, Idle Labor (2011) é um disco que emana um som sujo e necessário, sempre acompanhado por batidas eletrônicas bem estruturadas e que conversam com as camadas fechadas de guitarras e vocais esvoaçados.

A estreia do grupo formado por Justin Vallesteros, Jack Smith, Peter Michel e Javier Suarez é um desses trabalhos que cruzam décadas e sons de maneira coerente. Dos anos 80 vem a instrumentação eletrônica (um New Order bizarro) e os toques de post-punk que acompanham praticamente todo o trabalho, além é claro de alguns ruídos no melhor estilo The Jesus and The Mary Chain. Da década de 1990 pintam as características que remetem ao shoegaze, ao dream pop e ao rock alternativo, tudo fundido de maneira dinâmica e de fácil apreciação.

O mais interessante de Idle Labor está no fato de que mesmo encoberto pelos inacessíveis paredões de guitarras que se dividem nas 11 faixas do álbum, além dos teclados excessivamente altos e quase irritantes, não há como não se interessar pelo som dos norte-americanos. As letras juvenis (porém maduras) servem como grande complemento para o disco, tratando de desilusões amorosas, momentos de reflexão e até crises de identidade.

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Embora remeta a todo o tempo a um tipo de som depressivo, a velocidade com que a banda toca seus instrumentos (principalmente as guitarras) denotam momentos dançantes e menos soturnos. Your Tomb, por exemplo, se afunda no uso de sintetizadores bem desenvolvidos, uma bateria seca e objetiva, mas esconde nas guitarras todo seu potencial e dinamismo. A faixa consegue ao mesmo tempo soar melancólica e revigorada, mostrando a todo o momento as múltiplas tonalidades que abrangem esse registro.

Embora até pareçam em alguns momentos ligados ao mesmo cenário surf rock que toma conta do panorama independente norte-americano no atual momento (principalmente se tratando das bandas californianas), como pode ser percebido na faixa Party Talk, o Craft Spells funciona de maneira alheia a isso. A sonoridade da banda aproxima-se de maneira bem semelhante a da desenvolvida dentro do cenário do Brooklyn, fomentando um som menos solto e mais direcional, objetivo.

A forma com que o trabalho flui de maneira a misturar diversos elementos dentro de uma única canção, além de ser profundamente agradável deve animar públicos distintos. Os que buscam por mais uma boa banda repleta de guitarras distorcidas, sons rebuscados e uma sujeira pueril terão o mesmo sucesso que os que buscam por uma musicalidade que remeta as batidas eletrônicas dos anos 80. Para o debut o quinteto conseguiu além de acoplar alguns hits já conhecidos novas ótimas composições, o que faz com que o disco possa ser apreciado do princípio ao fim sem cansaço.

Idle Labor (2011)

Nota: 7.6
Para quem gosta de: The Pains Of Being Pure At Heart, Smith Westerns e Cold Cave
Ouça: Party Talk

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.