Disco: “I’m Gay (I’m Happy)”, Lil B

/ Por: Cleber Facchi 16/07/2011

Lil B
Hip-Hop/Rap/Alternative
http://www.basedworld.com/

Por: Fernanda Blammer

Enquanto parte do coletivo californiano The Pack, o rapper Brandon McCartney, ou simplesmente Lil B se resume apenas em uma mínima fração do todo – mínima mesmo perto da imponência do parceiro Young L -, em carreira solo esse aspecto reducionista de sua figura toma proporções nada moderadas. Dono de uma sequência imensurável de faixas produzidas ao longo dos últimos quatro anos, quando de fato iniciou suas produções, o jovem de 21 anos deixa em dúvida sua própria idade mediante a maturidade de seu novo álbum, revelando-se como uma das grandes apostas para o futuro e o presente do hip-hop.

Enquanto Tyler, The Creator e todos seus parceiros de pouca idade do Odd Future parecem edificar um tipo de cena própria, anárquica e contrária aos luxos do rap norte-americano, Lil B e sua também pouca idade opta por atravessar um terreno já solidificado e de totais garantias dentro do gênero. Mesmo indisposto de versos polêmicos e detentor de uma figura ainda mais branda, B não parece nem um pouco incomodado com aquilo que seus vizinhos californianos vem tramando, algo que I’m Gay (I’m Happy) (2011, BaseWorld), seu novo disco reforça com total propriedade.

Esqueça o título “Eu Sou Gay (Eu Estou Feliz)” que toma a capa do álbum em moderado destaque ou que finge defender algum tipo de causa em prol da comunidade LGBT. Como bom seguidor das velhas estratégias do hip-hop, o rapper sabe o quanto um título impactante e polêmico traz resultados comercialmente positivos para sua obra. Desde que o nome de seu novo trabalho foi anunciado em sua apresentação num dos palcos das edição 2011 do Coachella, que a polêmica fora estabelecida e acabou ganhando força. Ameaças de morte, título entre aspas e um trabalho de “militância” são fatores de baixa relevância perto dos versos e da condução do álbum.

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Depois de uma série de discos moderados, sempre lançados de forma independente através de uma produção ininterrupta que vem desde 2009 – e que recentemente culminou no fraco Angels Exodus, também de 2011 -, Lil B parece ter encontrado seu caminho com o novo álbum, não poupando de apresentar ao ouvinte seus versos pegajosos e um número nada ponderado de hits. Entre exaltações ao ego, canções de amor e até alguns toques de uma filosofia barata, o rapper faz de seu novo álbum seu trabalho definitivo (pelo menos por enquanto), ocultando de forma adulta sua parceria com os membros do The Pack ou até mesmo suas anteriores produções.

Embora custe a aquecer em suas canções iniciais – forçando uma construção atmosférica que muito remete ao primeiro álbum de Kanye West -, a partir da quarta faixa do álbum B parece de fato bem resolvido com seu trabalho, seguindo por uma série de composições cada vez melhores até o fechamento do registro. Enquanto composições densas como Unchain Me – com versos do tipo “me disseram que eu nunca faria rap” – entregam um toque mais adulto ao trabalho do rapper, o que lhe deve garantir uma boa pontuação através da crítica, I Seen That Light e My Last Chance cumprem a parcela comercial do álbum, posicionando o artista em um meio termo bem solucionado.

Mesmo bem encaminhado I’m Gay (I’m Happy) ainda se apresenta como um trabalho de um visível artista iniciante. Contrário aos seus projetos anteriores, em que Lil B parecia atirar para todas as direções em busca de algo que pudesse desenvolver de forma sólida e viável, em seu recente álbum o rapper parece ter todas suas estratégias e possíveis caminhos delimitados logo que a primeira faixa tem início, seguindo dessa forma até o fecho da obra. Falta esforço e um pouco de distinção ao rapper, entretanto, ao menos no caminho certo ele já se mantém inserido.

 

I’m Gay (I’m Happy) (2011, Baseworld)

 

Nota: 7.7
Para quem gosta de: The Pack, Soulja Boy e Young L
Ouça: Unchain Me

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.