Disco: “I’m Leaving”, Is Tropical

/ Por: Cleber Facchi 27/05/2013

Is Tropical
British/Indie/Electronic
http://www.istropical.com/

Por: Fernanda Blammer

Is Tropical

Bastou ao Is Tropical a competência de um clipe para que a extensão de Native To (2011), registro de estreia da banda, fosse sustentada por completo. Mesmo que os versos e melodias impostos em The Greeks ou mesmo nas demais composições que recheiam a obra estejam longe de refletir qualquer brilhantismo pop, a dose descontrolada de matança e humor negro expostos no vídeo do primeiro single teve um efeito mais do que imediato, suficiente para apresentar a banda. Com uma bem sucedida turnê e uma centena de fãs, ao final do fraco primeiro disco a banda deixava no ar uma dúvida quase óbvia: Teriam os britânicos a capacidade de passar na prova do secundo disco?

A julgar pelo que foi apresentado Flags EP, registro instrumental lançado em janeiro deste ano, não seria de se estranhar que o grupo desembocasse em uma proposta totalmente experimental e distinta em relação ao primeiro álbum. Entretanto, na contramão daquilo que Klaxons e outros artistas de efeito similar tentaram, ao alcançar o segundo registro em estúdio a banda assume um nítido posicionamento de revisar o disco de estreia e finalizar todas as lacunas. Finalmente entendendo a proposta lançada há dois anos, o trio assume com o novo projeto uma entrega completa às melodias e arranjos acessíveis.

Evitando a todo o custo os instantes de calmaria e desconforto Lo-Fi que recheavam partes da obra de estreia, cada passo dado em I’m Leaving (2013, Kitsune) clama pela explosão dos sons. Separado em duas partes bastante nítidas, o registro concentra no primeiro bloco de canções o mesmo cardápio de referências que apresentaram a banda: sintetizadores, batidas alimentadas pela eletrônica e vocais robóticos que clamam pela aceleração. É como se tudo aquilo que foi alcançado em Native To fosse resumido de forma melhorada em cinco músicas, mantendo a aproximação instrumental que vai da abertura com Lover’s Cave até Cry.

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Tendo na presença de vocais femininos (bem diluídos em Dancing Anymore) um complemento para o que foi iniciado com o primeiro disco, a banda usa das cinco primeiras faixas como um ponto de decisão: manter a essência que apresentou o grupo ou partir em busca de novidade. Com base no que é iniciado em Sun Sun, sexta faixa do álbum, fica mais do que acertado que a escolha do Is Tropical é pela novidade. Porção mais “orgânica” da obra, o registro se distancia das comparações ao trabalho de outras bandas inglesas para buscar sustento no que orienta parte expressiva da música sueca.

Do refrão pegajoso de Sun Sun, passando pela melancolia sutil de Video ou mesmo o clima crescente de All Night, cada instante da segunda metade do álbum opta pelo cuidado e a transformação dos sons. É como se a maturidade exposta em Flags EP se encontrasse com aquilo que Shout Out Louds, I’m From Barcelona e tantos outros grupos testaram durante boa parte dos anos 2000. Um jogo apaixonante de vocais bem delimitados, esbanjando toda a criatividade do grupo e a capacidade em lidar com melodias capazes de fugir do óbvio.

Mesmo que a segunda porção do registro seja capaz de apoiar o grupo em um novo universo, o descompasso entre a abertura do álbum e o eixo posterior da obra finalizam o disco em conflito. A desordem (que por vezes soa intencional) faz com que mesmo repleto de pequenos deslizes, em I’m Leaving a banda alcance algo que não existia no primeiro disco: Boas e bem estruturadas canções. Todavia, ao observar a obra em totalidade, o descontrole e instantes de inexatidão impedem a formação de um melhor exemplar. Há um esforço claro em transformar cada composição do disco em um objeto de relação com o pop, escolha assinada pelo produtor Luke Smith ou quem sabe pela própria banda, que se um dia conseguir delimitar melhor a própria estrutura, talvez alcance um disco de fato satisfatório.

Is Tropical

I’m Leaving (2013, Kitsune)

Nota: 6.0
Para quem gosta de: Citizens!, Shout Out Louds e Egyptian Hip Hop
Ouça: All Night e Sun Sun

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.