Disco: “I’m With You”, Red Hot Chili Peppers

/ Por: Cleber Facchi 24/08/2011

Red Hot Chili Peppers
Rock/Funk/Pop
http://redhotchilipeppers.com/

Por: Cleber Facchi

Setembro de 1991. Vindos de uma série de trabalhos que mais pareciam com pequenos esboços ou memoráveis treinos, quatro jovens músicos californianos fariam de seu quinto registro em estúdio não apenas um álbum que os lançaria ao grande público, como também um projeto que os colocaria de vez na história recente da música. A banda em questão era a ainda pouco conhecida Red Hot Chili Peppers, que há 20 anos lançava ao mundo o essencial Blood Sugar Sex Magik, disco que trouxe alguns dos mais importantes hits do grupo, assim como delimitaria toda a sequência de lançamentos apresentados pelo quarteto.

Agosto de 2011. Passadas duas décadas desde que a banda de Los Angeles foi apresentada ao mundo, apenas três dos quatro responsáveis pelo hoje clássico registro ainda se mantém à frente do RHCP, banda que de forma inquestionável se mantém como uma das mais queridas do grande público e que de tempos em tempos consegue arrancar alguns bons elogios da crítica especializada.  De posse de um novo álbum, o grupo tenta reviver o mesmo sucesso que os alavancou para estrelato há algumas décadas, porém, diferente do espírito inventivo que tomava conta da banda naquela época, hoje, o grupo californiano se apresenta de forma acomodada e demasiada redundante.

Denominado I’m With You (2011, Warner Bros.), este é o décimo álbum da carreira do Red Hot – hoje formado por Flea, Anthony Kiedis, Chad Smith e o novato Josh Klinghoffer – e trabalho que precisa lutar contra uma série de questionamentos que a banda conseguiu levantar ao longo dos últimos anos. Primeiro registro desde a saída do guitarrista John Frusciante (que já havia abandonado o grupo em meados dos anos 90) e sucessor do bem recebido Stadium Arcadium, o décimo registro do grupo até que se esforça, garante alguns hits, porém não passa de uma grande cópia daquilo que a banda vem desenvolvendo desde que sua “estreia” foi apresentada há duas décadas.

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Por mais que aos olhos e ouvidos do público (e uma parte da imprensa) o RHCP ainda se mantenha como uma banda atual, dona de um som novo e sempre mutável, há mais de 20 anos que o grupo não apresenta nada realmente distinto e inédito em seus trabalhos. Com a saída de Frusciante (incontestavelmente o grande responsável por quebrar o marasmo dos discos da banda) os problemas em torno da banda tornam-se ainda maiores, afinal, apurada ou simples, qualquer audição do novo disco do grupo se revela como um grande Déjà Vu, em que por quase uma hora somos tomados pela sensação de “já ouvi isso antes”.

O baixo funkeado de Flea, as letras bem humoradas, românticas e em alguns momentos chapadas de Kiedis e a bateria esparsa de Chad Smith, estes são os elementos que você inevitavelmente encontrará ao longo do disco, sem nunca passar disso. Algum fanático pelos californianos já pode até pensar “ora, mas isto é a identidade do grupo, sua impressão digital, sua marca”, sim, uma marca que já dura mais de 20 anos, soa extremamente datada e que faz com que cada audição de I’m With You se transforme em um processo penoso e repetitivo.

Ouvir o novo álbum do Red Hot Chili Peppers é o mesmo que ficar preso há duas décadas assistindo apenas ao mesmo filme, comendo sempre o mesmo tipo de refeição, tomando o exato mesmo tipo de bebida e fazendo exatamente todas as mesmas ações. Um looping eterno em que a memória do ouvinte não se apaga no dia seguinte, pelo contrário, vai se acumulando, se transformando em algo irritante, redundante e chato. Embora já fosse algo visível nos últimos registros da banda, I’m With You apenas confirma: o Red Hot faz parte do mesmo grupo de artistas que deveriam ter encerrado suas carreiras há tempos. Caso você ainda ache a banda genial, inédita e inventiva, boa sorte, afinal é só o que você ouvirá deles amanhã, depois e assim continuará até o fim do grupo.

I’m With You (2011, Warner Bros.)

Nota: 3.0
Para quem gosta de: John Frusciante, Ataxia e Rage Against the Machine
Ouça: Blood Sugar Sex Magik de 1991

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.