Disco: “In and Out of Youth and Lightness”, Young Widows

/ Por: Cleber Facchi 01/04/2011

Young Widows
Alternative Rock/Experimental/Rock
http://www.myspace.com/youngwidows

 

Por: Fernanda Blammer

O Young Widows é exatamente como se define em sua página no MySpace: uma banda de rock progressivo, ou pelo menos uma dissidência disso. Em todas as camadas de som construídas pelo trio Evan Patterson, Nick Thieneman e Jeremy McMonigle no decorrer de seu mais recente lançamento, o que temos é uma sequência de acordes prolongados, firmes e brutos. Do rock dos anos 70 ao noise do princípio da década de 1990 sobram espaços e possibilidades para que o grupo de Louisville possa navegar em sua própria sonoridade.

In and Out of Youth and Lightness (2011) é um disco sólido, opaco e pesado, quase como uma rocha, de fato, tratá-lo como um mineral talvez seja a metáfora mais coerente para defini-lo. Todas as canções são trabalhadas de forma completamente hermética, séria e até fria. Em cada novo som o trio manda pra cima do ouvinte um enorme bloco negro, intransponível, mas estranhamente atrativo. É praticamente uma relação de amor e ódio, com a banda soltando uma rajada de sons embrutecidos enquanto o ouvinte aceita de forma passiva, quase hipnotizado.

Esperar por qualquer tipo de acorde mais límpido ou “colorido” dentro do álbum é o mesmo que esperar em vão. Durante os nove blocos de som arremessados pela banda no desenvolvimento do disco a postura séria, as notas secas e o direcionamento conciso do trio são sempre os mesmos. Por mais estranho (e sádico) que seja, não há como se esquivar de sons monumentais como Young Rivers, Lean On The Ghost e Miss Tambourine Wrist, a aspereza da banda é elemento essencial para que o disco possa se desenvolver de maneira única.

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É praticamente impossível excluir as influências de Black Sabbath dentro deste novo trabalho – os anteriores são Settle Down City (2006) e Old Wounds (2008) -. A todo o momento as guitarras de Patterson remetem fácil aos sons obscuros de Tony Iommi, claro que de uma maneira muito mais fechada e seca, sem grandes momentos espalhafatosos e nem tão “tenebrosos”. De fato esse é um ponto a se observar, sempre que o trio converge para um som mais aberto há um corte seco e os sons são rapidamente dissolvidos, como se nada pudesse escapar do cerco das jovens viúvas.

Mesmo que sigam dentro de uma temática muito similar, algumas canções como The Muted Man conseguem soar menos presas, utilizando-se de uma instrumentação diferenciada (nesse caso a percussão), escapando das repetições. De todas as canções, talvez White Golden Rings seja a mais dinâmica, ou pelo menos, não tão “quadrada”, provando que quando quer o grupo sabe soar acessível.

Quando encerram as canções nesse recente disco, os norte-americanos deixam apenas uma certeza: fomos atingidos e nem ao menos sabemos pelo que. Mesmo que durante todo o desenvolvimento In and Out of Youth and Lightness pouco seja transformado, esta é a maneira que o trio encontra para tirar o máximo de suas criações. Sente, prepare seus fones e deixe que a cada nova nota a banda te derrube ou no mínimo rompa seus tímpanos.

 

In and Out of Youth and Lightness (2011)

 

Nota: 7.1
Para quem gosta de: The Jesus Lizard, Polvo e Q and Not U
Ouça: Young Rivers

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.