Disco: “In Love With Oblivion”, Crystal Stilts

/ Por: Cleber Facchi 16/03/2011

Crystal Stilts
Noise Pop/Garage Rock/Lo-Fi
http://www.myspace.com/crystalstilts

Por: Cleber Facchi

Nunca foi fácil se aventurar pela sonoridade do Crystal Stilts. Desde os primeiros lançamentos da banda em 2005, quando nos presentearam com o single Shattered Shine, ou mais tarde ao lançarem o primeiro EP em 2007 e mesmo ao estrearem de fato com o disco Alight of Night (2008), a forma rebuscada como os sons são explorados excluem muito mais do que aproximam o ouvinte. Porém é justamente através desse “processo seletivo” que a própria banda separa seu público, nada de formalidades pop. Com grupo nova-iorquino é o estranho, o sujo e o nicho que prevalece.

Mesmo antes de toda a explosão de bandas calcadas no rock garageiro e na temática surf lo-fi, o grupo formado por Brad Hargett, JB Townsend, Kyle Forester, Andy Adler e Keegan Cooke (que não esteve nas gravações do primeiro álbum) já adiantavam toda a obscuridade suja e praieira que se seguiria nos anos seguintes. Embora sejam norte-americanos as comparações com artistas do rock britânico do começo dos anos 80, como Joy Division, são mais do que coerentes. Seja pelos vocais graves de Hargett ou a sonoridade similar, inegáveis são as comparações.

Porém, não pense que as rápidas aproximações com artistas daquele período querem significar uma igualdade de estilos. O Crystal Stilts transita por um universo paralelo a uma boa quantidade de bandas. As massas poluídas de guitarras, a bateria abafada, os sintetizadores excêntricos e o vocal dificilmente assimilável do vocalista apenas isolam o grupo. Contudo, para In Love With Oblivion (2011) a banda se livra suavemente de seus sons marcados por um clima urbano quase pós-apocaliptico, formalizando um ritmo muito mais chamativo e fácil de ser compreendido.

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Ao mesmo tempo em que a banda torna mais “simples” a audição de seu som, o explorar de novas texturas e experimentações também se intensifica. A mescla de escolhas do disco fica bem perceptível dentro de Through the Floor, em que as guitarras de JB Townsend se dividem em uma sonorização mais pop, mas que também intensificam o lado restritivo da banda, através de solos estranhos, sonorizações cacofônicas e massificações absurdas de distorção.

Diferente de outras grupos como Wavves (principalmente se orientando nos dois primeiros discos), Crocodiles e Beach Fossils, que caminham por um caminho quase similar ao do grupo do Brooklyn, o som do Crystal Stilts flui de maneira muito mais reclusa, não há a mesma energia, as guitarras estonteantes ou mesmo aquela postura descolada que transpassa estes artistas. Tudo é muito fechado, climático e assombroso. Talvez apenas Alex Zhang Hungtai a.k.a Dirty Beaches e seu também obscuro Badlands (2011) transitem dentro de uma mesma linha, apesar do músico trazer referências muito mais focadas nos anos 50 e 60, enquanto a banda nova-iorquina se prende exclusivamente na década de 1980.

Atentamente observado não houve uma evolução muito intensa dentro da sonoridade do grupo. Cada uma das faixas do recente álbum soam como uma versão mais acessível das mesmas onze faixas do disco de estreia. Se apresentando de maneira fácil e sem se distanciar da temática original, o Crystal Stilts conquista com esse segundo álbum não apenas uma nova leva de fãs, como também solidifica sua relação com os seguidores de outrora, ao mesmo tempo em que lança um dos trabalhos mais excêntricos e bem desenvolvidos do ano.

In Love With Oblivion (2011)

Nota: 8.1
Para quem gosta de: Dirty Beaches, Crocodiles e Wavves
Ouça: Alien Rivers

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.