Disco: “Into The Night EP”, The Raveonettes

/ Por: Cleber Facchi 30/04/2012

The Raveonettes
Danish/Indie Rock/Shoegaze
http://www.theraveonettes.com/

Por: Bruno Leonel

É fato, toda vez que alguém se habilita a comentar sobre uma banda nova, costumam associar o “novo artista” a algum nome já conhecido do grande público. Uma relação do tipo: Você gosta de uma banda “X”, e essa banda nova parece com a banda “X” logo você deverá gostar. De fato essa associação de estilos, embora seja interessante para estabelecer referências e também para “criar eixos”- em tempos nos quais lançamentos de álbuns acontecem constantemente – A tal associação pode também ofuscar méritos próprios que a tal “banda nova” possui, além de criar certas barreiras em novos ouvintes que sempre vão ouvir a banda vendo a mesma como mera cópia ou reprodução de outros artistas.

É mais ou menos essa a relação que tenho com os Dinamarqueses do Raveonettes. A primeira vez que ouvi falar na banda foi por volta de 2005. O grupo havia feito um show no Curitiba Rock Festival daquele ano, colacionava bons comentários da imprensa e sempre (sempre mesmo) teve seu trabalho associado a nomes como Jesus and Mary Chain, Velvet Undergroud e grupos como The Everly Brothers.

Embora gostasse de todas essas bandas, devo admitir o som do Raveonettes, pelo menos para mim, sempre foi muito além disso. Um caso no qual as referências estão lá presentes, mas cujo trabalho da banda consegue ter uma identidade muito mais autoral – apesar das insistências em sempre subestimarem o Raveonettes como uma mera “cópia” de outros artistas. Desde o surgimento do duo lá nos idos de 2001, foram cinco álbuns de estúdio e um avanço sonoro e tanto que finalmente deu ao grupo devido reconhecimento de seu trabalho.

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Recentemente a banda lançou Into the Night, quinto EP de estúdio. O trabalho conta coma co-produção de Richard Gottehrer – que já havia trabalhado com a banda no ótimo Pretty in Black de 2004 -, isso já ajuda a entender a certa semelhança existente entre os dois trabalhos. Soturno é um termo que resume bem todo o conjunto da obra – São quatro faixas, e metade delas possui “Night” no título. A sonoridade melódica e os vocais em harmonia da dupla ainda estão presentes, mas em Into the Night, a banda parece ter injetado mais doçura nas melodias e limado os excessos de guitarras sujas, o que dá ao trabalho uma característica mais emocional.

O álbum abre com uma balada, justamente a faixa que dá nome ao EP, calcada em uma melodia de guitarra cheia de candura e acompanhada de econômicas camadas de barulho lindamente chiadas e que são um aspecto envolvente a canção. O clima de romance nostálgico se repete em outras canções, mas não uma lembrança de amor correspondido e sim de algo que podia ter sido e que não foi. Night Comes out é outro exemplo disso, os vocais etéreos dão a canção um clima aconchegante e seu refrão é daqueles que conquistam de jeito logo na primeira ouvida.

Segundo o próprio Sune Rose Wagner (guitarrista e vocalista) o EP todo é como uma “encantadora e machucada ode para desapontamentos do amor perdido” simples assim, como um apanhado de canções que jamais farão com que você esqueça a sua ex-namorada. Mas nesse caso não é necessário que você esteja sofrendo de amor para gostar do álbum. Sem se associar a qualquer lembrança, Into the Night é um álbum que conquista logo nas primeiras audições, preparando o ouvinte para os próximos trabalhos que o duo de Sharin Foo lançem futuramente.

Into The Night EP (2012, The Orchard)

Nota: 7.1
Para quem gosta de: The Kills, A Place To Bury Strangers e Gliss
Ouça: Into the Night, Night Comes out

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.