Disco: “Is It Hyperreal?”, Atari Teenage Riot

/ Por: Cleber Facchi 12/05/2011

Atari Teenage Riot
Deutsch/Electronic/Industrial
http://www.myspace.com/atr922000

Por: Fernanda Blammer

Imaginem um computador possuído pelo demônio, talvez essa seja a melhor (ou única) definição para Is It Hyperreal? (2011), novo trabalho do trio alemão Atari Teenage Riot, que a mais de uma década não presenteava seu público em nenhuma novidade. Em meio a modulações eletrônicas, gritarias, guitarras futuristas e um instrumental que passa pelo rock industrial, o noise, o punk e o hardcore, a banda formada em 1992 mostra que seu som permanece tão intenso quanto fora há anos, voltando para ensinar aos discípulos Kap Bambino e Crystal Castles que eles ainda tem muito o que aprender.

Quando do ATR encerrou suas atividades em meados de 1999 estava mais do que claro que aquela era uma perda lastimável para o mundo da música, afinal, os donos de trabalhos como Delete Yourself! (1995), The Future of War (1997) e 60 Second Wipe Out (1999) não poderiam simplesmente deixar para trás quase uma década de instrumentação caótica em troca de uma infeliz aventura pela carreira solo de seus integrantes. O quarteto formado por Alec Empire, Nic Endo, Hanin Elias e Carl Crack deixava de existir, mas o que estava por vir seria ainda melhor.

Da antiga banda sobraram apenas os dois primeiros membros, que somados ao novo integrante CX KiDTRONiK transformam o quarto disco do grupo em uma verdadeira sequência de desespero, berros descontrolados e faixas que estranhamente nos motivam a dançar. Produzido pelo próprio Alec Empire e contabilizando dez faixas, Is It Hyperreal? Talvez por sua polidez e faixas melhor construídas seja o melhor álbum da banda alemã até aqui, mantendo o mesmo espírito explosivo dos primeiros discos, e complementando tudo com várias doses extras de efeitos sintetizados e experimentações eletrônicas.

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Para que ninguém sobreviva ao bombardeio instrumental do disco, os alemães mandam logo de cara três faixas com o melhor do dance-punk em frequências nada moderadas. Se você não for derrubado por Activate, Blood In My Eyes então cumpre isso, ou ainda Black Flag, que mesmo um pouco mais “lenta” que as faixas anteriores, carrega um peso ainda maior de guitarras. Depois de abatido, o ouvinte é ainda apresentado à faixa título, que surge como um discurso frio em meio a aplicações de camadas obscuras de sintetizadores.

Agora, se até aqui você sobreviveu ao ataque do Atari Teenage Riot, mesmo com todas as forças expostas pela banda, com certeza Codebreaker é a faixa que irá te abater. Além da tríade germânica, o americano Steve Aoki – responsável por dar vida às maiores bizarrices do noise e da música eletrônica contemporânea – chega para contribuir com o grupo, criando juntos uma verdadeira arma de destruição em massa, pelo menos voltada às pistas. Em mais de cinco minutos o quarteto se reveste de batidas incontroláveis, vocais inaudíveis, guitarras colossais e sintetizadores utilizados como se fossem armas. Você até pode tentar, mas a essa altura o grupo já te feriu, gravemente.

Além, é claro, do conjunto de faixas montadas com excelência para as mais anfetaminadas pistas de dança do globo, Is It Hyperreal? funciona como um exercício de percepção dos mais variados ritmos e gêneros musicais. Porém, o que antes servia de influência para uma geração de grupos agora passar a ser influenciado, como ocorre em Shadow Identitiy, faixa que poderia tanto ser encontrada como um lado b do Cansei de Ser Sexy, como poderia ser a canção de abertura do novo álbum do Kap Bambino. No meio da troca de influências quem ganha é o ouvinte, que terá com esse trabalho uma verdadeira rajada de ataques instrumentais.

Is It Hyperreal? (2011)

Nota: 7.4
Para quem gosta de: Kap Bambino, Steve Aoki e Crystal Castles
Ouça: Blood In My Eyes

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.