Disco: “It’s All True”, Junior Boys

/ Por: Cleber Facchi 16/05/2011

Junior Boys
Canadian/Electronic/Electropop
http://www.myspace.com/juniorboys

Por: Cleber Facchi

Assim como os britânicos do Hot Chip e os australianos do Cut Copy, o duo canadense Junior Boys nos ensinou a amar as pistas de dança não apenas por suas batidas estonteantes, refrões fáceis ou efeitos pop pegajosos, mas pela delicadeza de seus sintetizadores aliado ao cuidado com que constroem as sofisticadas texturas de suas canções. Em It’s All True (2011), Jeremy Greenspan e Matt Didemus nos conduzem pelas mesmas tonalidades de sua eficaz discografia, porém através de uma instrumentação ainda mais doce e controlada, distanciando-se dos primeiros registros da dupla, mas se mantendo fiel à qualidade de seus anteriores sons.

Um assíduo ouvinte do que rola de mais comercial na música eletrônica deve provavelmente se sentir distante do novo álbum do duo (originário de Hemilton, Ontário), afinal, o quarto trabalho de estúdio do Junior Boys está muito mais voltado para o que toca nos elevadores do que para as pistas de dança em si. É como se o disco todo esperasse por um remix, com a dupla se apoiando na criação de bases e batidas leves, mas nem por isso errando na construção de suas faixas. Tudo soa de forma reducionista (não minimalista), como se o “menos” tivesse maior valor que “mais” nesse disco.

Até a chegada de A Truly Happy Ending – quarta faixa do disco e momento em que o álbum fica mais dançante – o ouvinte recebe uma dose quase hipnótica de sintetizadores compenetrados e que pendem levemente para uma temática mais chillout, com um clima totalmente soft. São mais de 17 minutos que se dividem nas faixas Itchy Fingers, Playtime e You’ll Improve Me, uma sequência propícia à danças moderadas e, que mesmo em seus momentos mais grandiosos mantém um auto-controle reverberando bips discretos e camadas limpas de som.

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Em The Reservoir (já no lado enérgico do álbum) é perceptível uma ligeira evolução no som, com o duo se apoiando numa mesma temática encontrada em seus primeiros álbuns (principalmente em Last Exit de 2004), aliando ritmos detalhistas, repletos de pequenos efeitos sintomáticos com batidas mais bem desenvolvidas, secas e diretas. Ao mesmo tempo em que o álbum se mantém de forma densa é visível o favorecimento em prol de uma sonoridade mais descontraída a partir desse ponto, algo que mais à frente dá origem aos melhores exemplares de It’s All True.

É através da tríade Second Chance, Kick The Can e ep (uma das ou a melhor faixa do disco) que Greenspan e Didemus alcançam o ápice do trabalho, presenteando seus ouvintes com três achados para as pistas. Bem resolvidas as faixas deixam transbordar o bom e velho Junior Boys, embora a predisposição ao reducionismo ainda seja marcante, fazendo com que o duo se entregue em meio à viagens de um electropop calminho, porém entusiasmado. Difícil não se entregar aos delays de Second Chance ou ao corpo de teclados límpidos de ep, que são praticamente um convite a abandonar tudo e partir para a dança.

E como se não bastassem as oito excelentes faixas pelas quais você vai se entregando ao longo do disco, os canadenses fazem da cereja (ou banana) do bolo um fechamento mais do que digno ao registro. Em mais de nove minutos a dupla de produtores fazem de Banana Riple uma das canções mais intensas do ano, transformando-a em uma espécie de síntese do álbum, mesclando momentos de calmaria com ambientações feitas para dançar, através de um casamento perfeito entre as batidas leves da faixa, os vocais com um quê de soul music e a tradicional trama de sintetizadores que só a dupla sabe construir.

It’s All True (2011)

Nota: 8.1
Para quem gosta de: Hot Chip, Cut Copy e Caribou
Ouça: ep

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.