Disco: “James Drake”, James Blake, Drake, Bombé & Mr. Caribbean

/ Por: Cleber Facchi 28/06/2011

James Blake & Drake
Mashup/Dubstep/Hip-Hop
http://www.myspace.com/jamesblakeproduction
http://www.myspace.com/thisisdrake

De um lado, o responsável por um dos melhores discos de hip-hop de 2010, dono de clássicos recentes como Over, Best I Ever Had, Forever e tendo como origem a populosa Toronto no Canadá. Do outro lado, contando com a maior estreia de 2011 e criador de algumas das faixas mais intimistas do ano, como Wilhelms Scream, Lindesfarne II e Limit To Your Love, um jovem magrelo vindo de Londres, Inglaterra. Separados por um oceano de distância e tecnicamente distintos em suas produções, Drake e James Blake acabam juntos em uma agradável mixtape feita pela dupla de produtores norte-americanos Bombé & Mr. Caribbean.

Se por um lado o rapper canadense se apoia na velha fórmula do hip-hop com toques suaves de R&B para promover seus discos, Blake se fundamenta no dubstep, doses intensas de trip-hop e soul music, gerando um tipo de trabalho que a princípio pode parecer completamente oposto ao de Drake, mas que está intimamente conectado por conta das referências à black music. Partindo dessa premissa, Bombé (Tim Shaw) e Mr. Caribbean (Luis Angel Cancel) isolam o que poderia soar distinto dentro do trabalho dos dois artistas e desenvolvem um tipo de encontro musical que escapa do utópico e torna-se concreto.

Usando como base os discos de estreia dos dois músicos – Drake com Thank Me Later (2010, Universal Motown) e James Blake com seu autointitulado debut (2011, Atlas) –, a dupla de produtores vinda da Filadélfia, Pensilvânia intercala vocais, reformula bases e cruza faixas na produção de um álbum que ao seu término parece completamente distante de qualquer um dos trabalhos que utiliza como matéria prima. Rompendo os limites do hip-hop ou do dubstep, o disco se concentra em um som próximo do experimental, mas que brinca momentaneamente com o pop e intensamente com a soul music.

Se em seus álbuns solo, tanto Drake quanto Blake promovem composições carregadas de intimidade, juntos essa tendência parece se ampliar. Do cruzamento da romântica Find You Love (repleta de efeitos sintetizados e muito auto-tune) com a sedutora e melancólica Limt To Your Love (tomada por teclados soturnos e batidas instáveis) surge a suave Find Your Limit, canção que abre a mixtape e que traz os vocais da primeira e a sonoridade da segunda faixa em uma combinação que se divide entre a dor e a conquista.

O mesmo resultado prossegue no restante do álbum, como se lentamente as composições tragassem o ouvinte cada vez mais para o fundo da atmosfera sombria e sedutora que se faz presente. Embora o agradável jogo de sons e texturas variadas acabe funcionando de maneira coesa, com alguns vocais e batidas mais aceleradas que em suas versões originais para um encaixe exato entre os dois elementos que movimentam o disco, a maneira excessivamente abafada de algumas faixas torna impossível a total apreciação da mixtape. Além disso, alguma canções tornam-se demasiadamente similares às suas versões originais, o que quebra a beleza da dualidade entre Blake e Drake.

Mesmo com alguns relativos problemas, a totalidade do registro surpreende. Faixas como Ransom Money Youth e Measure It All acabam se apresentando como canções novas, que mesmo mantendo as conexões com seus sons originais soam de forma distinta ou no mínimo renovadas. No fim das contas o álbum acaba não mais pertencendo a James Blake, Drake e muito menos ao duo de produtores que o realizaram, mas sim à um novo artista, um certo James Drake, músico que futuramente poderia lançar mais algum álbum de canções “inéditas”.

 

James Drake (2011)

Nota: 7.4
Para quem gosta de: James Blake, Drake e  Bombé & Mr. Caribbean
Ouça: Find Your Limit

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.