Disco: “Junk Of The Heart”, The Kooks

/ Por: Cleber Facchi 07/09/2011

The Kooks
British/Indie/Britpop
http://www.thekooks.com/

 

Por: Cleber Facchi

Instrumentalmente ou mesmo em seus versos o The Kooks nunca foi uma banda de grandes pretensões ou exageros musicais, um oposto de grande parte dos artistas que surgiam em território britânico na época em que o grupo Brighton apareceu. Embora exista uma obvia mudança entre a sonoridade explorada no primeiro para o segundo disco – respectivamente Inside In/Inside Out (2006) e Konk (2008) -, as bases do quarteto sempre permaneceram as mesmas, com a banda encantado seu público através de letras jovialmente arquitetadas e melodias construídas em cima de guitarras harmônicas ou violões deliciosamente suaves.

Formado por indivíduos que cresceram enquanto Damon Albarn e os irmãos Gallagher se estapeavam através dos tabloides ingleses – absorvendo, mesmo que involuntariamente, qualquer registro que explodisse em solo inglês durante a onda do famigerado britpop -, cada segundo de qualquer trabalho do Kooks ressoa a temática britânica, encontrado referências também em outras épocas, sendo possível ouvirmos desde The Beatles até The Kinks em toda composição montada pela banda.

Mesmo despretensioso, entretanto, o grupo foi aos poucos agregando um vasto número de seguidores, começando de maneira tímida e se aproximando de um público local em seu primeiro álbum, para depois se transformar em um pequeno fenômeno mundial quando Konk foi entregue ao ao mercado em idos de 2008. Com pouco mais de meia década de atuação, a banda chega ao terceiro álbum se mantendo fiel ao som que trouxe destaque a seu trabalho, tratando dos mesmos temas, se movimentando através da mesma instrumentação e cultivando a mesma atmosfera aconchegante que estranhamente parece ser apenas deles.

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Se a proposta de mudar e evoluir é o que mantém um grupo constantemente atualizado e sempre crescente em seu número de seguidores, para o quarteto inglês essa não parece ser sua principal estratégia. Cada minuto que passamos dentro de Junk of the Heart (2011, Virgin) faz brotar sensações nostálgicas, afinal, cada faixa do álbum poderia facilmente ser encaixada em algum dos dois anteriores trabalhos da banda sem qualquer dificuldade, transformando o disco em uma espécie de coletânea, como se o grupo viesse acumulando composições que acabaram de fora dos dois álbuns oficiais e só agora resolvesse apresentar isso ao grande público.

Estão lá as velhas canções delineadas por um arranjo mais dinâmico, cravejado de pequenas guitarras e um refrão extremamente pegajoso, músicas como Is It Me que surgem como uma espécie de réplica exata do que fora Sofa Song no primeiro álbum ou Mr Maker no segundo disco. Também podemos encontrar as velhas baldas que o grupo vem desenvolvendo desde o primeiro trabalho, com Killing Me como seu melhor exemplo, uma grande continuação do que fora Got No Love no debut do The Kooks bem como One Last Time em Konk. Uma sucessão de redundâncias, mas que estranhamente devem soar como algo profundamente inventivo para os fãs mais ferrenhos.

Junk of the Heart traz algumas ditas “mudanças” no trabalho da banda, sendo Runaway seu único e melhor exemplo, já que pela primeira vez temos um pequenos flerte com o reggae além de algumas pequenas programações eletrônicas montadas para surpreender (ou iludir) o ouvinte. Exigir grandes evoluções do grupo seria um grande erro, afinal, todas as propostas da banda estavam dadas logo que Inside In/Inside Out foi apresentado, algo que provavelmente não irá mudar nos futuros próximos lançamentos da banda. Na dúvida, fique apenas com os dois primeiros discos em que as letras grudentas e a sonoridade pegajosa ainda fazem certo sentido.

 

Junk Of The Heart (2011, Virgin)

 

Nota: 5.0
Para quem gosta de: The Last Shadow Puppets, Arctic Monkeys e The Fratellis
Ouça: Is It Me

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.