Disco: “Just Once EP”, How To Dress Well

/ Por: Cleber Facchi 18/06/2011

How To Dress Well
Lo-Fi/Experimental/Ambient
http://www.myspace.com/howtodresswellmusic

Por: Cleber Facchi

Foi através das batidas e das camadas de sons abafados que em 2010 o norte-americano Tom Krell apareceu para o mundo com seu How To Dress Well. Agora livre das projeções eletrônicas de sua estreia e acompanhado de uma vasta orquestra de músicos, o produtor lança uma bela dissidência do atmosférico Love Remains (2010). Com quatro faixas, Just Once EP (2011) conduz o ouvinte para dentro de climatizações suaves, envoltas por uma bruma de violinos e violoncelos melancólicos e as já habituais vozes ecoadas de Krell.

Os vocais e as sensações proporcionadas pelo músico estão lá, dessa vez não mais uma figura solitária como a que se evidenciava em sua estreia, mas cercado de propósitos e pela participação da musicista Minna Choi, que o auxilia na condução das quatro faixas do singelo trabalho. Voltado para a captação de recursos ao projeto Mindfreedom, que auxilia pessoas que sofrem com doenças mentais, o novo álbum de Krell é um mergulho em um mar de calmarias, pequenos sofrimentos e um primoroso arranjo instrumental, que substitui com primazia a coleção de ruídos expostos por artista em sua bem recepcionada estreia.

Embora três das quatro faixas que compõem o recente álbum já sejam conhecidas do público – a única desconhecida é Suicide Dream 3 – a maneira sofisticada com que as canções são conduzidas despontam um caráter de ineditismo e surpresa. Suicide Dream 2, que em sua versão original circundava o ouvinte com sons esvoaçados, cruzando elementos que vão do R&B da década de 1970 às viagens experimentais do Radiohead na fase Kid-A, agora ganha uma serenidade comovente, tragando o espectador para dentro de um amontoado de sensações, vocais etéreos e uma limpidez instrumental digna de fazer inveja a bandas como Sigur Rós.

Mesmo a surpreendente Decisions (que contava em Love Remains com a “presença” do artista plástico turco Yüksel Arslan) ganha em sua nova versão uma tonalidade ainda mais suave e encantadora que a exposta em sua temática original, abandonando o aspecto levemente ruidoso de outrora, para se converter em algo puramente angelical. Por mais que os versos expostos ao longo do pequeno concentrado de canções sejam velhos amigos, os rumos tomados logo na abertura do EP são completamente desconhecidos, fazendo com que Just Once se transforme em um dos registros mais belos e tristes já entregues em 2011.

Just Once EP (2011)

Nota: 8.0
Para quem gosta de: James Blake, Twin Shadow e Radiohead
Ouça: Todas as faixas

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.