Disco: “Killer Songs”, Hard-Fi

/ Por: Cleber Facchi 19/08/2011

Hard-Fi
Brisith/Alternative/Indie Rock
http://www.hard-fi.com/

Por: Cleber Facchi

 

Honrar o título de um disco não é uma tarefa fácil para a maioria das bandas. Embora seja apenas um nome, um conjunto de palavras, algo por vezes sem qualquer significado, certos títulos muitas vezes são capazes de definir e até alterar toda a maneira como observamos determinado disco. Quatro anos após o lançamento de seu último registro em estúdio, o quarteto inglês Hard-Fi retorna com seu terceiro e mais novo álbum, Killer Sounds (2011, Necessary Records / Warner) um disco que traduz toda sua sonoridade e sua fluência com base apenas em seu título.

“Sons Matadores”, assim são as 11 canções que fazem parte do novo álbum do grupo inglês, banda que se formou em 2003 e ganhou as atenções do público e da crítica dois anos mais tarde, a partir do lançamento de Stars of CCTV, seu primeiro disco. Enquanto no decorrer do debut o quarteto – desenvolvendo um som honesto, dançante e adornado pelo mesmo estilo de guitarras que tomava conta daquele período – era capaz de mobilizar verdadeiros sons matadores, capazes de cativar seu público e os conduzir através de um quase êxtase musical, com este terceiro álbum a banda alcança o mesmo resultado, porém, ao invés de matar seu público pela maneira entusiasmada de outrora, o Hard-Fi mata o ouvinte de vergonha.

Qualquer indivíduo com um mínimo de bom senso e que viesse acompanhando boa parte dos grupos ingleses ao longo dos últimos anos, já teria uma boa previsão do que seria encontrado com este terceiro álbum da banda. Na verdade, qualquer um que tivesse ouvido Once Upon a Time in the West, segundo disco do grupo e trabalho lançado em agosto de 2007 saberia que a fórmula do Hard-Fi já estava datada e não era mais nem um pouco surpreendente quanto fora no primeiro disco. Entretanto, a banda resolveu seguir pelo mesmo caminho, fazendo deste terceiro disco um trabalho ainda mais redundante e insosso que o registro que o precede.

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Por mais que Good For Nothing, primeiro single do álbum e faixa que abre o recente trabalho da banda fosse capaz de criar uma falsa esperança, mesmo a entusiasmada composição quando posicionada dentro da totalidade do álbum parece ganhar outro sentido, afinal, quanto mais o disco se desenvolve parece até que estamos ouvindo a mesma música o tempo todo, como se as supostas 11 músicas do álbum fossem na verdade apenas uma. Uma espécie de prisão musical, tanto da banda quanto para o público, que infelizmente não encontrará nada ao longo do álbum que a banda já não tenha desenvolvido.

As batidas eletrônicas com um toque de dance punk, os vocais projetados para soar de forma estrondosa, os sintetizadores límpidos e montados para seduzir o ouvinte, todos elementos que a banda trouxe em seu primeiro disco, mas que aqui são insistentemente utilizados. Mesmo para alguém que nunca tenha ouvido o trabalho do grupo, Killer Sounds é um registro que começa fraco, vai morrendo nas canções que se seguem, até chegar se arrastando no final. Isso sem contar na forma descarada como a banda se “inspira” em The West Rider Pauper Lunatic (2009), último álbum do Kasabian.

Para além de tentar assassinar o ouvinte com suas emanações tediosas, os supostos sons matadores são na verdade sons suicidas, já que são eles os responsáveis por fazer com que o disco, mesmo tomado de batidas secas e firmes vá lentamente desfalecendo em seu decorrer. Nem mesmo a tentativa de trazer três competentes produtores para dentro do disco parece dar certo, com a banda correndo sérios ricos de ocultar o bom trabalho que conseguiu elaborar no longínquo ano de 2005. Se você é fã da banda boa sorte e cuidado, afinal, eles querem definitivamente te matar.

Killer Sounds (2011, Necessary Records)

Nota: 5.0
Para quem gosta de: Boy Kill Boy, Kasabian e The Zutons
Ouça: Good For Nothing

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.