Disco: “Komba”,Buraka Som Sistema

/ Por: Cleber Facchi 11/10/2011

Buraka Som Sistema
Portuguese/Electronic/Kuduro
http://www.myspace.com/burakasomsistema

 

Por: Fernanda Blammer

O suposto diamante negro que fora apresentado pelo Buraka Som Sistema há quase três anos em sua estreia, ao que tudo indica foi finalmente melhor lapidado e exposto em seu estado menos bruto. Pelo menos é o que o novo registro vindo de além mar consegue estabelecer. Denominado Komba (2011, Enchufada), o mais novo álbum do quarteto de Amadora, Portugal chega delimitado pelo uso das mesmas batidas calorosas de outrora, convergindo para seu interior uma soma gigantesca de ritmos sintéticos e batidas cuidadosamente cativantes.

Longe das periferias que em outras épocas delimitaram toda a obra do grupo – amarrando desde referências ao funk carioca até doses do ainda desconhecido Kuduro – em seu mais novo álbum DJ Riot, Li’l John, Conductor e Kalaf chegam expondo seu lado mais urbano, mobilizando todos seus esforços na promoção de um som ainda mais intenso e perspicaz. Esqueça o passeio pelos ritmos regionais de outrora, aqui é métrica das batidas secas e o explorar de um som cada vez mais eletrônico que acabam se ressaltando.

Além da já conhecidíssima Hangover (BaBaBa), que há um bom tempo vem animando as pistas ao redor do mundo, em seu catálogo de 11 faixas o que não falta ao álbum são composições recheadas por um ritmo sempre frenético, loopings hipnóticos e uma condução musical que ecoa a boa fase de M.I.A. ao lado do produtor Diplo. Do suingue da faixa título aos experimentos musicais essencialmente sintéticos em Macumba, cada faixa dentro do registro vem delimitada dentro de uma característica bem específica, mantendo como seu único elemento de centro a dança.

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Assim como se observava desde o primeiro trabalho oficial do grupo – o EP From Buraka to the World de 2006 -, nada dentro do álbum parece amarrado dentro de uma sonoridade única e que se estende ao restante do registro, pelo contrário, cada música proporciona uma experiência instrumental única e que se inverte completamente logo na canção seguinte. A busca por esse som múltiplo faz com que o disco se transforme em uma grande colagem de diversos recortes musicais, não mais vindos de diferentes partes do mundo, mas de distintos pontos em uma mesma metrópole.

Do dubstep desenvolvido de maneira excêntrica na convidativa Tira o Pé aos flertes com a eletrônica convencional em (We stay) Up all Night, da climática Vem Curtir ao ritmo acalentado de Candonga, todos os espaços dentro do álbum são preenchidos por uma dose solta de multiplicidade instrumental, rítmica e vocal, de uma forma ainda melhor desenvolvida que aquela experimentada no último álbum do grupo. A variedade de sons e formas instrumentais dentro do disco garantem ao registro a certeza de pescar o ouvinte de qualquer maneira, afinal, pelo menos uma faixa ali presente será mais do que capaz de capturar o espectador.

Parte do bom resultado do trabalho está mais uma vez na variedade de participações mais do que eficientes que aos poucos vão se assentando no interior da obra. Dos brasileiros do MIXHELL ao congolês Kaysha, por todos os lados surgem indivíduos capazes de transformar a música do grupo português em algo ainda mais plural, quente e incrivelmente dançante.

Komba (2011, Enchufada)

Nota: 7.8
Para quem gosta de: Major Lazer, M.I.A. e Diplo
Ouça: Komba, Tira o Pé e Hangover (BaBaBa)

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.