Disco: “La Di Da Di”, Battles

/ Por: Cleber Facchi 29/09/2015

Battles
Experimental/Electronic/Math Rock
http://bttls.com/

É engraçado pensar que muito do que se entende do trabalho do Battles tenha partido de Mirrored. Estreia oficial do grupo nova-iorquino, o álbum entregue ao público em maio de 2007 pode até apontar a direção para grande parte dos inventos assinados pelo coletivo, entretanto, por vezes parece ocultar quase meia década de registros produzidos de forma independente. Um verdadeiro arsenal de faixas avulsas, singles e EPs que, longe de cair no esquecimento, parecem servir de estímulo para terceiro trabalho de inéditas do grupo: La Di Da Di (2015, Warp).

Gravado em 2014, o sucessor do instável Gloss Drop (2011) mostra um time de instrumentistas atuando com maior coerência e proximidade, estímulo para o som homogêneo que sustenta os quase 50 minutos da presente obra. Do som plástico das guitarras ao desenho colorido dos sintetizadores, das batidas eletrônicas aos ruídos distorcidos que passeiam ao fundo de cada composição, desde a obra-prima apresentada em 2007 que o Battles não esbanjava tamanha coerência quanto no presente disco. Pelo menos nos instantes iniciais.

Com uma sequência de abertura capaz de tirar o fôlego – The Yabba, Dot Net, FF Bada e Summer Simmer -, Ian Williams, John Stanier e Dave Konopka mais uma vez bagunçam a mente de ouvinte. São quase 20 minutos de arranjos, ruídos e batidas tortas que passeiam por diferentes campos da música sem necessariamente abandonar o som incorporado pelo grupo na coletânea EP C/B EP (2006) ou em cada uma das 11 faixas que definem o ambiente experimental de Mirrored.  

A diferença em relação ao trabalho lançado em 2007 ou toda a série de obras apresentadas no começo dos anos 2000? A constante repetição de ideias que lentamente sufoca o registro a partir do segundo ato. Para aqueles que talvez tenham estacionado nas quatro primeiras músicas do álbum – ainda hipnóticas -, essa talvez seja uma afirmação estranha. Entretanto, passada a explosão de guitarras e efeitos eletrônicos criados em Summer Simmer, a nítida reciclagem de temas e conceitos arrasta o ouvinte para um território musicalmente penoso.

Dessa forma, o que tinha tudo para se transformar em uma nova obra provocativa, passo além em relação ao material entregue no antecessor Gloss Drop, acaba mergulhando em um som “esquecível”. Com a chegada de Dot Com, sétima faixa do disco, fica difícil estabelecer quando tem início uma nova música e outra chega ao fim. Arranjos, solos de guitarras e efeitos eletrônicos começam a se repetir, como se tudo não passasse de um extenso ato instrumental.

Não se trata de uma obra completamente falha, descartável, pelo contrário, bons momentos e composições são apreciadas em diversos instantes de La Di Da Di. É apenas questionável como um registro tão assertivo (e intenso) nos instantes iniciais pareça repetitivo e desgastado no restante das faixas.

La Di Da Di (2015, Warp)

Nota: 6.0
Para quem gosta de:
Ouça: The Yabba, Dot Net e FF Bada

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.