Disco: “La Liberación”, Cansei De Ser Sexy

/ Por: Cleber Facchi 19/08/2011

Cansei de Ser Sexy
Brazilian/Indie/Electropop
http://www.myspace.com/canseidesersexy

Por: Cleber Facchi

Por mais que desde seus primeiros EPs o Canseis de Ser Sexy (ou CSS para os gringos) fosse capaz de elaborar um som dançante, pop, enérgico e cômico na mesma medida, agradando públicos completamente distintos através de suas letras irônicas e cercadas de bom humor, esperar que a banda chegasse com um trabalho revolucionário em seu terceiro disco seria um erro de proporções homéricas. Embora o título “La Liberación” chegue tomado por um caráter quase Guevarista, como se a banda estivesse pronta para um levante, em seu conteúdo o disco se mantém de forma básica, porém suficientemente interessante para ser ouvido repetidas vezes.

Se existe algum tipo de brusca mudança no novo trabalho do quinteto paulistano ele se esconde em sua sonoridade. Instrumentalmente o sucessor de Donkey é um registro muito mais vasto em sua musicalidade, com a banda felizmente quebrando a síncope de guitarras eletrônicas e sintetizadores sujos que se evidenciavam desde que seu primeiro álbum foi lançado em meados de 2005. Distantes do Le Tigre que tanto delimitou suas primeiras composições e ainda mais afastado das guitarras que assaltaram o trabalho anterior, em seu terceiro disco o CSS busca pela experimentação.

Logo que o caloroso primeiro single da banda, Hits Me Like a Rock começou a circular pela rede em meados de junho, todas as provas das possíveis experimentações do grupo estavam delimitadas. Para além da relevante presença de Bobby Gillespie do Primal Scream (que vem para retribuir a presença de Lovefoxxx no último álbum de sua banda, Beautiful Future de 2008), a faixa contava com uma pequena passagem pela música brasileira, lembrando de certa forma o melody paraense e deixando a dúvida: seriam estes os rumos da banda em seu terceiro álbum?

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A resposta veio pouco tempo depois, quando a autointitulado nova faixa da banda acabou surgindo pela internet, mostrando um CSS calcado novamente no uso das guitarras, porém, distante das mesmas pendências de suas anteriores produções, e de certa forma muito mais “punk”. Era como se a banda partisse em busca do garage rock que tanto se manifesta em solo norte-americano atualmente, com a banda lembrando um Vivian Girls dos dois primeiros discos ou qualquer outro grupo de garotas que despontou nos últimos dois anos em algum ponto de Los Angeles. Entretanto, quem achava que aí se encerravam as novas experiências da banda, mal podia imaginar o que ainda estava por vir.

Cada uma das 11 faixas que estão presentes no disco parecem apontar para uma nova direção, com a banda aportando em diferentes estilos musicais, o que consequentemente resulta em um disco dinâmico e que consegue surpreender o ouvinte em cada uma de suas esquinas musicais. Enquanto Partners in Crime permite que intensas inclusões de piano de um excêntrico Mike Garson (que já trabalho em álbuns de gente como David Bowie e Trent Reznor), Red Alert traz um toque de Krautrock para dentro do álbum (culpa da dupla Ratatat que se faz presente na instrumentação da faixa), tornando o registro sempre mutável, quase esquizofrênico, mas sempre pop e divertido.

Quem espera por grandes hits aos moldes Left Behind ou Rat Is Dead (Rage) talvez até se decepcione com a maneira como o disco parece esconder seus refrões pegajosos ou investir menos em harmonias chiclete. A fluência do disco, entretanto é constante, sendo que mesmo em seus momentos mais estranhos, com a banda se apoiando em sons nunca antes elaborados em seus anteriores trabalhos, o ritmo se mantém equilibrado e capaz de cativar o ouvinte. Por mais que se manifeste como um registro instável, La Liberación é um trabalho que facilmente deve atender aos interesses do público do CSS e obviamente garantir algumas boas horas de divertidas audições, além, claro, de hits fáceis para as pistas.

La Liberación (2011, V2 Records)

Nota: 6.0
Para quem gosta de: Copacabana Club, Yelle e Klaxons
Ouça: La Liberación

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.