Disco: “Laid Out EP”, Shlohmo

/ Por: Cleber Facchi 19/03/2013

Shlohmo
Experimental/Electronic/Glitch-Hop
http://shlohmo.com/

 

Por: Cleber Facchi

Shlohmo

De maneira intencional ou não, a música de Shlohmo sempre pareceu voltada para o canto. Cada ruído, batida irregular ou mínima associação instrumental firmada no debut Bad Vibes (2011) parecia impulsionar o trabalho do californiano como uma “simples” base para a entrada de algum rapper imaginário ou possível vocalista. Não por acaso ao mergulhar nas construções musicais do recém-lançado Laid Out EP (2013, Friends of Friends/Wedidit), Henry Laufer usa de cada instante da obra como um caminho ainda mais seguro para o uso dos vocais – sejam eles complementos esquizofrênicos ao som assinado pelo produtor ou vozes tão límpidas que chegam a soar inimagináveis quando voltamos os ouvidos para os primeiros lançamentos do artista.

Menos irregular em relação ao disco de 2011, Shlohmo faz das cinco faixas que delimitam o novo álbum composições próximas. Enquanto Bad Vibes parecia flutuar em um oceano de experiências sempre distintas – como se o produtor estivesse em busca de uma sonoridade própria -, o novo projeto mantém constante a relação entre as batidas e pequenas bases eletrônicas, resultando em uma medida climática e naturalmente crescente que jamais tende ao exagero. Dentro dessa proposta, Laufer amarra todas as possíveis pontas para que os vocais finalmente sejam encaixados de maneira funcional. Entretanto, a ausência de redundância e previsibilidade se mantém constante dentro da obra do produtor, dessa forma, mesmo os vocais não poderiam ser apresentados em contornos simplistas.


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Ainda que a colaboração com Tom Krell (How To Dress Well) em Don’t Say No, econômica e sentimental faixa de abertura, até aproxime o artista de um som confortavelmente comum, à medida que as canções ganham forma, Shlohmo tinge o disco com novidade e experimentação. É como se os vocais acessíveis da música que abre o EP fossem sujos de maneira gradativa, proposta que transforma faixa seguinte, Out Of Hand, em uma quase oposição ao que o produtor desenvolve no começo do disco. Os vocais liquefeitos praticamente se esparramam pela obra, alcançando o ápice da complexidade durante a construção de Later, faixa que praticamente usa dos vocais como um instrumento.  

Se por um lado o pequeno registro firma conceitos previsíveis em relação a tudo o que é desenvolvido dentro do primeiro álbum de Shlohmo, por outro lado ele cria uma identidade inexistente na estreia do californiano. A medida funciona como um caminho de fácil aproximação para quem ainda desconhece a obra do artista, como se o recente EP fosse um prelúdio daquilo que cresce de forma criativa na atuação de Bad Vibes. Independente dos rumos, Laid Out assume mais uma vez um elemento fundamental na atuação de Henry Laufer: a necessidade de experimentar, sejam os sons, ou (agora) os vocais.

Shlohmo

Laid Out EP (2013, Friends of Friends/Wedidit)


Nota: 7.7
Para quem gosta de: Groundislava, Mount Kimbie e Teebs
Ouça: Don’t Say No e Out Of Hand

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.