Disco: “Leave No Trace”, Fool’s Gold

/ Por: Cleber Facchi 18/08/2011

Fool’s Gold
Afrobeat/Indie Pop/Alternative
http://www.myspace.com/foolsgold

Por: Fernanda Blammer

Logo que o primeiro álbum do Vampire Weekend passou a chamar as atenções da imprensa e do público ao redor do globo em meados de 2008, arrecadando não apenas um bom número de críticas positivas mas uma série de discos vendidos, não foram poucas as bandas e gravadoras que buscaram lançar seu próprio exemplar do novo afrobeat. Embora formado antes do fenômeno lançado pelo quarteto nova-iorquino, o coletivo californiano Fool’s Gold acabou arremessado para dentro do mesmo saco, o que de certo modo trouxe popularidade ao grupo, mas também ocultou sua originalidade.

Por mais que a homônima estreia do grupo lançada em 2009 brincasse com as mesmas referências que Ezra Koenig e seus parceiros vinham projetando através do VW, os rumos escolhidos pelo coletivo de Los Angeles eram completamente outros. Enquanto o quarteto de Nova York parecia se apoiar naquilo que Paul Simon e outros artistas desenvolveram em suas carreiras, destilando novamente aquilo que já fora diversas vezes destilado, os californianos foram atrás da música africana de raiz, em seu estado bruto e inalterado.

O resultado dessa busca por um som que passeia por diversos países do continente africano (e até do território latino em alguns momentos) se repete agora com a chegada de Leave No Trace (2011, IAMSOUND Records), segundo registro da banda californiana e um trabalho que deve quebrar quaisquer comparações com o som elaborado pelo “rival” grupo nova-iorquino. Entusiasmado e funcionando como a trilha sonora perfeita para um dia de sol regado com boas doses de cerveja, o álbum traz um grupo dono de uma musicalidade melhor resolvida, levemente densa e ainda assim completamente despretensiosa e dançante.

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Assim como em seu primeiro disco, o grupo investe ativamente no uso de faixas que ultrapassam os quatro minutos de duração, permitindo assim que se possa desenvolver cada mínima nuance do trabalho de forma precisa. É quase como se a banda precisasse de certo limite de tempo até que todos os instrumentos e elementos das canções sejam finalmente alinhados, projetando assim um resultado musical satisfatório e que seja condizente com os gostos de seus idealizadores e também do próprio público.

Enquanto a sonoridade proposta através do álbum anterior arrastava a banda para próximo de alguns temáticas mais experimentais, como a própria presença de elementos do Krautrock, em Leave No Trace o grupo se especializa na produção de um mais pop, temperado de leve por tendências eletrônicas, mas ainda assim fiel aos seus objetivos iniciais. Tanto Wild Window (que lembra qualquer coisa do Holger) como Bark and Bite (a mais caliente do disco) são capazes de garantir boas posições nas paradas musicais, assim como servir como ferramentas de aproximação com o grande público.

Por mais que em alguns momentos como em Mammal, por exemplo, a banda se aproxime de uma sonoridade redundante e versos excessivamente próximos de algumas de suas anteriores composições, em sua quase totalidade o álbum mantém uma condução estável e perfeitamente acessível ao ouvinte. É possível encontrar até algumas doses de pura experimentação, como em Balmy, assim alguns toques de um som mais convencional, como na música Lantern, provando a habilidade do grupo em trafegar de maneira satisfatória por diversos terrenos.

Leave No Trace (2011, IAMSOUND Records)

Nota: 7.6
Para quem gosta de: Holger, Vampire Weekend e The Very Best
Ouça: Wild Window

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.