Disco: “Leisure Seizure”, Tom Vek

/ Por: Cleber Facchi 13/07/2011

Tom Vek
British/Alternative/Electronic
http://www.myspace.com/tomvek

 

Por: Fernanda Blammer

Inúmeras personalidades instrumentais dentro de um único trabalho, assim parece funcionar o trabalho do britânico Tom Vernon-Kell, o Tom Vek, músico que após se apresentar ao mundo com um agradável trabalho de estreia em 2005 retorna com seu segundo e mais recente registro em estúdio. Cruzando rock alternativo, música eletrônica, pop e algumas camadas de experimentações, Vek busca através de Leisure Seizure (2011, Island), seu novo álbum, desenvolver um tipo de som que possa ser chamado de seu.

Quando seu primeiro álbum (We Have Sound) foi lançado em abril de 2005 no Reino Unido, as mesclas de música eletrônica com uma pegada visivelmente voltada ao indie rock rapidamente arremessaram o músico para junto de todo o apanhado de bandas que brincavam de fazer dance-punk, como o Clor, The Sunshine Underground e em menor escala aproximando com aquilo que o Metronomy vinha desenvolvendo. Foi só com o passar dos anos que a distinção dentro da obra do britânico foi finalmente notada, o que o distanciou de uma série de outros artistas e trouxe a ele certo isolamento mediante a orientação bem específica de sua obra.

Os seis anos de hiato que separaram o músico de seu último para o mais recente álbum pouco trouxeram avanços ou distinções ao trabalho de Vek. É possível até dizer que o inglês começa exatamente de onde parou, com a mínima diferença de que seu novo trabalho revela ao mesmo tempo uma maior delimitação das inserções eletrônicas, assim como se locomove por uma via levemente mais excêntrica e experimental, entregando composições montadas em cima de ritmos quebrados e encaixes tecnicamente inexatos de som.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=p1aC4yQvCR0]

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=Vv-CiCcriVM]

Talvez o que mais torne distinto este, do antigo trabalho seja a aproximação gerada entre todas as faixas do álbum. Ao contrário do que era desenvolvido em seu primeiro álbum, em que todas as músicas pareciam caminhar por rumos instrumentais distintos, mas acabavam se encontrando ao fim da obra, em Leisure Seizure todas as 12 faixas do trabalho saem de um exato mesmo ponto, percorrem um mesmo caminho e finalizam de maneira similar. Uma bateria quebrada, guitarras coladas de forma inexata e leves inserções de elementos eletrônicos em diversificados pontos das composições, essa é exatamente a mesma métrica que orienta todas as faixas do álbum.

A concisão de uma obra e o diálogo ocasionado entre todas as faixas de um disco, elemento que parece ser essencial para que se desenvolva um bom álbum parece ser algo completamente falho dentro da obra de Tom Vek. A excessiva aproximação entre as composições tornam penosa e redundante a audição do trabalho. A impressão que temos ao nos depararmos com o segundo trabalho do britânico é que a mesma faixa vem se desenvolvendo em looping do princípio ao fim do disco. Pouco muda daquilo que é proclamado em Hold Your Hand, A.P.O.L.O.G.Y. e Too Bad, faixas retiradas do começo, meio e fim do álbum mas que parecem ser exatamente iguais, apenas se alterando de forma minúscula em alguns aspectos.

O conceito demasiado hermético apresentado por Vek em Leisure Seizure aprisiona o ouvinte em uma composição única e imutável, afinal, não há qualquer tipo de novidade em relação ao que o músico já vinha desenvolvendo, apenas regresso. Com exceção de We Do Nothing (única composição que quebra a lógica do álbum), independente da forma ou da direção que você venha a se aproximar do atual trabalho do músico inglês apenas repetições e construções musicais quadradas o que você virá a encontrar.

 

Leisure Seizure (2011, Island)

 

Nota: 6.0
Para quem gosta de: Clor, Metronomy (pré-The English Riviera) e Late Of The Pier
Ouça: A.P.O.L.O.G.Y e We Do Nothing

[soundcloud width=”100%” height=”325″ params=”” url=”http://api.soundcloud.com/playlists/847490″]

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.