Disco: “Les Voyages de l’Âme”, Alcest

/ Por: Cleber Facchi 12/01/2012

Alcest
Shoegaze/ Post-Rock/ Atmospheric
http://www.alcest-music.com/

 

Por: Matheus Azevedo

 

Indubitavelmente, Souvenirs D’um Autre Monde (2007) foi responsável pelo surgimento de uma nova banda, que manteve apenas o nome e seu compositor. O EP Le Secret (2005) já apontava que aquela antiga Alcest, imatura e tosca, estava morta. O som black metal deu espaço ao shoegaze, que reinou absoluto em Souvenirs.

À medida que novos trabalhos foram feitos, Neige, compositor e único membro remanescente do grupo francês, foi capaz de mesclar ambos os sons anteriormente propostos em sua carreira, criando músicas dotadas de originalidade, realizando uma inusitada combinação de estilos completamente antagônicos.

É bem verdade que no novo álbum, entretanto, apenas Faiseurs de Mondes expressa descaradamente a influência de ambas as áreas tão quão foi mostrada no ofuscado Écailles de Lune (2010). Por outro lado, leves detalhes black metal ainda são resquícios unânimes em todas as canções, principalmente por conta da frenética bateria, muitas vezes se apropriando de pedais duplos, mesmo nos momentos mais inusitados, enquanto vocais e guitarras passeiam em suaves composições.

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O gigante instrumental, apelidado pelos fãs de atmospheric, é comandado por riffs de guitarra marcantes e grandiosos, tendo seus arranjos tocados cautelosamente, mesmo com o andamento imposto pela bateria, observados claramente em canções como a homônima ao disco Les Voyages De l’Âme e na sequencial Nous Sommes l’emeraude.

Nenhum desses bons momentos, no entanto, é capaz de bater de frente com Là Où Naissent Les Couleurs Nouvelles, extensa e genial canção que, ao longo de seus quase nove minutos, ataca com um dos melhores shoegazes, mas ainda brincando com tocantes guturais, que não reinam na música, mas são essenciais pra mudança de clima que é feita na metade da faixa.

 De fato, Souvenirs D’um Autre Monde é a grande obra-prima da, praticamente, carreira solo de Neige, não só pelo choque causado em todos aqueles que conheciam o grupo, mas também, e principalmente, pelas composições lá contidas. A mistura mais intensa dos gêneros propostos é uma proposta extremamente interessante, que já veio sendo realizada por outros conjuntos do ramo, entretanto Les Voyages, mesmo sendo um grande disco, não possui parâmetros para competir com o debut do grupo.

 

Les Voyages de l’Âme (2012, Prophecy Productions)

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Amesoeurs, Lantlôs e Heretoir.
Ouça: Là Où Naissent Les Couleurs Nouvelles

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.