Disco: “Life Fantastic”, Man Man

/ Por: Cleber Facchi 10/05/2011

Man Man
Indie/Alternative/Experimental
http://www.myspace.com/wearemanman

Por: Fernanda Blammer

Quando o Man Man surgiu no começo dos anos 2000 se apresentando nos bares e subúrbios da Filadélfia, a crescente busca de artistas que se aventurassem nas linhas do rock experimental foi o estopim que levou a banda ao “grande público”, sendo convidados a se apresentarem em festivais de renome e recebendo elogios rasgados da imprensa norte-americana. Com quase uma década de carreira, o quinteto volta agora com Life Fantastic (2011), quarto disco da carreira do grupo e uma prova que as bizarrices instrumentais da banda ainda conseguem nos fisgar.

Talvez por opção da banda, ou por estarmos tão habituados a registros cada vez mais experimentais, mas o fato é que definir o novo disco do Man Man – formada por Ryan Kattner, Christoper Powell, Jamey Robinson, Billy Dufala e Jefferson – como um trabalho de experimentações instrumentais é um verdadeiro erro. Embora os arranjos inusitados ainda estejam lá, o disco acaba soando de maneira totalmente radiofônica. O estranho virou pop, entretanto o carisma e as divertidas composições da banda ainda prevalecem.

Em meio a uma pequena orquestra de sintetizadores, o quinteto abre sua vida fantástica com Knuckle Down, faixa que de alguma forma remete ao Of Montreal com alguns toques de Gogol Bordello (culpa dos vocais de Ryan Kattner). A levada dançante e festiva revela-se como uma bela introdução, preparando o ouvinte para Piranhas Club, música seguinte e incrivelmente mais entusiasmada. O indie pop do grupo se encontra com ecos da Soul Music em seu refrão, sem mencionar o toque pueril da faixa, parecendo com alguma coisa do Yo Gabba Gabba! em diversos momentos.

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Se Steak Knives joga o clima do disco lá para baixo, Dark Arts traz a velha festividade de volta. A levada suingada da canção faz com que ela se pareça ainda mais com os sons que Eugene Hütz e seus parceiros elaboram, embora de uma maneira menos regionalista e nenhum pouco punk. Seguindo por um clima de “sedução” Haunte Tropique transfere a ambientação do disco para dentro de um cenário quase escuro, onde a percussão de Christipher Powell torna-se o grande foco da canção.

Saudades do Modest Mouse? Pois Shameless supre fácil essa carência, lembrando alguma coisa do disco Good News For People Who Love Bad News (2004) ou seria We Were Dead Before The Ship Even Sank (2007)? Até mesmo a pequena Eel Bros, com mínimos 50 segundos consegue captar toda a gama instrumental e as intenções do grupo em sua rápida duração. O Modest Mouse volta a marcar presença em Bangkok Necktie e na faixa título, embora em uma formatação mais pop e límpida. Por fim Oh, La Brea fecha tudo em tom dançante e melancólico, como se fosse cedo demais para a banda se despedir.

Despretensioso e arquitetado de maneira a conquistar o ouvinte por suas doces melodias, Life Fantastic  pode até não ser o melhor disco do Man Man (ainda fico com Six Demon Bag de 2006), mas é claramente o trabalho mais descomplicado e feito a ser ouvido múltiplas vezes. A forma com que o quinteto explora seus instrumentos, construindo uma trilha sonora infantil para adultos (se é que isso é possível) aponta a força do grupo em transitar por diversos terrenos e cercar o ouvinte por todas as direções.

Life Fantastic (2011)

Nota: 7.0
Para quem gosta de: Of Montreal, Islands e Modest Mouse
Ouça: Piranhas Club

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.