Disco: “Long Way Home”, Låpsley

/ Por: Cleber Facchi 10/03/2016

Låpsley
R&B/Electronic/Alternative
http://musiclapsley.com/

 

A delicadeza sempre foi o principal componente no trabalho da britânica Låpsley. O canto eletrônico na confessional Station. Ruídos minimalistas em Falling Short. Sussurros e tormentos sentimentais em Painter (Valentine). Ideias e referências essencialmente diminutas, como rascunhos que continuam a servir de inspiração para o primeiro álbum de estúdio da cantora, o intimista Long Way Home (2016, XL).

Em sentido oposto ao trabalho de BANKS, BROODS e toda a avalanche de jovens artistas que insistem em replicar elementos do R&B/Soul de forma desgastada, preguiçosa em grande parte das vezes, Holly Lapsley Fletcher, verdadeiro nome da inglesa de apenas 19 anos, cria uma obra ancorada na novidade, abraçando pequenos experimentos. São doses controladas de música pop que se despem do óbvio de forma sempre sutil, atraente em cada retalho da obra.

Com lançamento pelo selo XL Recordings, casa de artistas como Adele, SBTRKT e Jamie XX, Long Way Home nasce como um claro exercício de apresentação ao grande público. Ainda que a essência dos primeiros singles e EPs da cantora seja preservada, durante toda a construção da obra, Låpsley busca por um som cada vez mais acessível, comercial. Um curioso exercício que joga com o passado e presente da jovem artista.

Logo nos primeiros minutos do disco, Heartless e Hurt Me, composições que carregam a sonoridade original da cantora, porém, refletem a necessidade de Låpsley em dialogar com uma nova parcela do público. Enquanto a primeira canção brinca com os arranjos e batidas de forma crescente, visitando o mesmo universo de artistas como Jessie Ware e Lorde, a segunda faixa pesa nos sentimentos e versos, revelando a capacidade da cantora em emocionar o público com facilidade.

No restante da obra, um misto de reciclagem e composições inéditas que acompanham o ouvinte até o último instante do trabalho. Faixas já conhecidas, porém, levemente polidas, caso de Painter e Falling Short. Um aperitivo para o acervo de novas músicas. Entre os destaques do registro, os inventos eletrônicos de Cliff, composição que melhor reflete o diálogo de Låpsley com o trabalho de James Blake, além de Leap, um soul-pop minimalista, íntimo dos primeiros inventos da cantora.

A cada curva de Long Way Home, Låpsley revela uma nova composição que instantaneamente dialoga com o ouvinte. Como não se emocionar com os versos de faixas como Hurt Me, Seven Months e Cliff? Impossível. Canções sobre abandono, desespero e aceitação que não apenas apresentam o trabalho da cantora, como apontam o nascimento de uma nova protagonista dentro da cena britânica.

 

Long Way Home (2016, XL)

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Jessie Ware, James Blake e Lorde
Ouça: Hurt Me, Station e Cliff

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.