Disco: “Lulu”, Lou Reed & Metallica

/ Por: Cleber Facchi 27/10/2011

Lou Reed & Metallica
Experimental/Alternative/Metal
http://www.loureedmetallica.com/

Por: Fernanda Blammer

Grandes parcerias musicais ou projetos colaborativos raramente são vistos com bons olhos. Esse tipo de encontro torna-se ainda mais suspeitável, quando o projeto em questão acaba reunindo indivíduos vindos de diferentes períodos da música, ou ainda pior, realizando o encontro de músicos que partilham de distintas vertentes instrumentais. A polêmica da vez paira sobre a união entre o nova-iorquino Lou Reed e os californianos do Metallica, que fazem do “complexo” Lulu um suposto encontro entre gerações e uma artificial tentativa em cruzar suas distintas frentes musicais.

Quem acompanha o trabalho de Reed ou no mínimo conta com uma pequena compreensão de sua carreira solo, sabe bem que há décadas o lendário integrante do The Velvet Underground não consegue desenvolver um trabalho eficiente ou no mínimo suportável. Desde que resolveu abandonar a excelência musical e poética que entre 1974 e 1974 resultou na trinca Transformer, Berlin e Rock ‘n’ Roll Animal, o músico vem se arrastando em uma série de experimentos musicais enfadonhos. Uma longa sequência do que foi iniciado em Metal Machine Music, em 1975 e se estende até hoje.

Já o Metallica, depois do fracasso que acompanhou a banda entre o final dos anos 90 e início do novo século, finalmente conseguiu se reerguer através da boa repercussão de Death Magnetic, seu melhor trabalho em anos de carreira. Entretanto, torna-se lamentável perceber que para fazer nascer a recente colaboração é a força de Reed que acaba predominando, com o quarteto californiano surgindo como uma espécie de banda de apoio para dar sustentação aos hoje pouco inventivos versos do veterano.

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Do momento que inicia até seus últimos segundos Lulu é um trabalho difícil de suportar ou ser absorvido em uma única audição. Tudo é instável. Os vocais de Reed se sobrepõem aos sons alavancados pelas guitarras da banda, a bateria se fragmenta em um ritmo incoerente, os versos se apresentam de maneira descompassada, como se tudo fosse projetado de maneira a irritar o ouvinte, transformando o registro em um extenso desconforto musicado. Um trabalho que nos faz respirar aliviados quando chega aos seus momentos finais.

Talvez alguém venha apontar que se trata de um trabalho experimental, vanguardista, hoje incompreensível, mas amanhã uma obra-prima. Quem vier a assumir esse ponto de vista não apenas estará cometendo um erro, como dará crédito a um dos trabalhos mais pretensiosos e desnecessários dos últimos anos. Um tipo de álbum que responde o motivo de tanta desconfiança quando parcerias musicais acabam surgindo.

Não importa quantas vezes você o ouça, Lulu sempre fará brotar a mesma pergunta: “Por quê?”. O que levou a realização desse disco? Qualquer resposta parece simplesmente banal e não satisfatória perto da deficiência musical que se revela ao longo desse álbum, um registro que parece montado para algum tipo de satisfação pessoal tanto dos integrantes do Metallica como do próprio Lou Reed, afinal, se existe algum outro significado para a existência desse disco, desculpem, mas ainda não consegui encontrar.

Lulu (2011, Warner Bros/Vertigo)

Nota: 2.0
Para quem gosta de: Lou Reed e Metallica (ou não)
Ouça: Little Dog

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.