Disco: “Lupercalia”, Patrick Wolf

/ Por: Cleber Facchi 31/05/2011

Patrick Wolf
British/Indie Pop/Singer-Songwriter
http://www.myspace.com/officialpatrickwolf
http://www.patrickwolf.com/house-splash/

Por: Fernanda Blammer

Por mais que busquem rótulos variados para definirem o trabalho do londrino Patrick Wolf, tais como “folktronica”, “Indie Pop”, “Baroque Pop” ou “Indietrônica”, nada explica melhor a funcionalidade de seus álbuns do que as três letras da palavra “pop”. Em seu quinto trabalho de estúdio, o músico reforça ainda mais esse status, desenvolvendo um som recheado de referências e se protegendo através de diversas tendências da música contemporânea. Longe do insosso trabalho anterior, o britânico surge renovado e pronto para mais uma avalanche de sons pegajosos feito os que o tornaram reconhecido.

Você pode até gostar de The Bachelor (2009), último disco do músico e uma pequena coleção de faixas agradáveis, porém excessivamente comuns. Um trabalho longe de qualquer resultado que o músico tivesse alcançado em seus primeiros registros, e ainda mais distante da maturidade levantada em The Magic Position de 2007, quando o artista de fato conseguiu cruzar suas referências eruditas com uma sonoridade acessível e diversificada. Embora deixe a desejar em alguns aspectos, Lupercalia (2011), mais novo disco de Wolf é um álbum que se evidencia de forma satisfatória e realça o som genuíno do londrino.

Quando no começo da década passada começaram a explodir artistas cujos trabalhos trançavam a boa e velha música pop com sons orquestrados, o trabalho de Wolf brilhava de forma excepcional, afinal, enquanto boa parte dos músicos contribuíam para um som denso, referencial e excessivamente maduro, o britânico e sua pouca idade trouxeram um sopro de jovialidade para dentro desse tipo de som. Embora seus álbuns não carregassem a mesma maestria que a exposta por Arcade Fire, The Decemberists ou Antony and the Johnsons, a sonoridade fácil (a mesma explorada em seu novo disco) era o que dava a ele distinção.

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Lupercalia é facilmente o disco mais acessível da carreira do britânico. Menos melancólico e dotado de uma pegada mais dançante, o trabalho abre através da percussão caprichada de The City, onde instrumentos de sopro, teclados e guitarras flexíveis vão construindo as bases para que o cantor nos entregue seus competentes vocais. Embora o restante do álbum siga por uma temática bem similar, afastando o músico da peculiar sonoridade pop-orquestral de outrora, ainda é possível encontrar algumas pequenas mostras daquele mesmo tipo de som.

Em menos de três minutos, Wolf dá vida à The Future, um pequeno achado radiofônico que logo se adorna de uma sonoridade grandiosa, transitando entre uma Florence and The Machine menos mística e um Beirut mais enérgico. Outra que segue pela mesma temática, embora se entregue de vez aos sons orquestrais (ainda que mantendo as inspirações pop) é Time Of My Life. Na faixa, o londrino desenvolve um tipo de som grandioso, que deve soar ainda maior em suas apresentações ao vivo, isso graças ao som crescente projetado por um comovente arranjo de cordas, uma das marcas do trabalho do músico.

Mais do que um trabalho bem resolvido instrumentalmente, Lupercalia é um disco feito sob medida para que os vocais de Patrick Wolf possam brilhar. A constatação máxima disso está em Slow Motion, onde o cantor (acompanhado de uma musicalidade repleta de empregos eletrônicos) ecoa sua voz com uma densidade envolvente, evidenciando ainda mais sua maestria como uma das grandes vozes da música contemporânea. Um registro fácil e que deve agradar tanto aos fãs quanto àqueles que desconhecem a obra do britânico.

Lupercalia (2011)

Nota: 7.4
Para quem gosta de: Final Fantasy, Beirut e Florenc + The Machine
Ouça: Toghter

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.