Disco: “Magnifique”, Ratatat

/ Por: Cleber Facchi 14/07/2015

Ratatat
Indie/Experimental/Alternative
http://www.ratatatmusic.com/

Em 2008, com o lançamento de LP3, Evan Mast e Mike Stroud embarcavam em uma verdadeira viagem lisérgica/musical. Ainda que o diálogo com a música psicodélica servisse de base para o trabalho do grupo desde o primeiro registro de inéditas, de 2004, com a chegada do terceiro álbum de estúdio, um nítido “exagero criativo” parecia transportar as composições da dupla para um universo de formas e arranjos tortos, conceito seguido com naturalidade até o lançamento do trabalho seguinte, o também chapado LP4 (2010).

Em Magnifique (2015), quinto álbum de estúdio do Ratatat, uma espécie de recomeço. Primeiro registro de inéditas da dupla depois de um (longo) hiato de cinco anos, o trabalho de capa e arranjos sóbrios não apenas se distancia dos últimos inventos assinados pela banda nova-iorquina, como ainda resgata uma série de elementos “abandonados” dentro dos primeiros trabalhos da dupla – caso do ótimo Classics, de 2006.

Como explícito logo na capa do disco – uma ilustração com o rosto de diferentes personalidades, figuras históricas e ícones da cultura pop -, Magnifique cresce como uma verdadeira coleção/colagem de ideias. De natureza instável, cada faixa do registro aponta para uma direção completamente distinta, indo do rock dançante explorado no começo dos anos 200 ao Hip-Hop, até encontrar uma versão “comportada” do mesmo som (exageradamente) psicodélico testado nos dois últimos discos da banda.

Mesmo recheado com faixas marcadas pelo experimento – caso de Rome, Drift e I Will Return -, difícil não encarar Magnifique como o trabalho mais acessível já apresentado pelo Ratatat. É o caso da trinca inicial formada por Cream on Chrome, Abrasive e a canção-título do álbum. Uma coleção de faixas marcadas pelo diálogo com as pistas, guitarras rápidas e batidas dançantes, preferência que imediatamente transporta o ouvinte para o mesmo ambiente temático de músicas como Wildcat e Lex.

A inserção de canções ambientais, quase serenas, revela outro aspecto curioso do trabalho. Raras dentro da discografia da banda, faixas como Supreme, I Will Return e Outro, indicam um preciosismo comovente por parte da dupla, como pequenos respiros instrumentais, quebrando a fluidez intensa que rege a parte inicial do álbum.

Ao mesmo tempo em que respeita a essência da banda, estabelecendo pequenos duelos de guitarras e sintetizadores, Magnifique revela na constante ruptura das faixas uma variedade de novos temas e conceitos a serem explorados – seja pela dupla, como pelo próprio ouvintes. Um criativo percurso de múltiplas setas e, talvez, possibilidades para os futuros registros da banda.

Magnifique (2015, XL)

Nota: 7.0
Para quem gosta de: E*Vax, Starfucker e MGMT
Ouça: Abrasive, Cream Of Chrome e Supreme

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.