Disco: “Mare”, Julian Lynch

/ Por: Cleber Facchi 30/11/2010

Julian Lynch
Lo-Fi/Folk/Experimental
http://www.myspace.com/julianlynch

 

Pendendo para uma levada lo-fi folk, o norte-americano Julian Lynch nos apresenta um bom disco de experimentalismos acústicos e pequenas doses de psicodelia. Segundo disco lançado por Lynch em menos de um ano, Mare é um álbum absorto em camadas e gravações quase caseiras com forte apelo instrumental e que por vezes se perde em meio a ambientações e canções climáticas.

Acordes de violões se misturam a viagens de piano e efeitos de teclados em boa parte do álbum. Desde a primeira faixa, Just Enough, com suas influências quase árabes, Lynch passeia em meio a canções viajadas, porém concisas se forem comparadas com seu trabalho anterior, o razoável Orange You Glad, de 2009. Da mesma forma que o disco antecedente os vocais de Julian Lynch aparecem de maneira quase oculta, em meio a inúmeras camadas e efeitos de distorção, sobrando de fato pouco de sua voz original. Em Mare o destaque está nos experimentalismos, sobrando pouco espaço para que o músico solte sua voz.

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Por diversos momentos as caixas de som distorcem e chiam durante a execução do disco. Contudo, parte dessa “microfonia” é elemento natural do álbum. Mesmo em meio a experimentalismos quase inaudíveis no decorrer das dez faixas que compõem Mare, algumas canções (um pouco) mais acessíveis podem ser encontradas. A melancólica A Day At The Racetrack ou Ruth, My Sister com uma levada quase jazzística são bons exemplos. O Jazz parece ser outra vertente explorada pelo músico em seu álbum. Resquícios do experimentalismo de Miles Davis se manifestam em todo o disco.

Porém, nem só de experimentações se constitui Mare. Still Racing é uma das poucas faixas livres de reconfigurações sonoras, sendo executada unicamente ao som de um violão e dos vocais quase audíveis de Lynch.

Ao mesmo tempo em que o músico se esconde em meio a camadas de distorção e uma musicalidade completamente alheia aos padrões radiofônicos, Mare não dispõe de exageros e em diversos momentos soa um trabalho até melódico. Seus quase 40 minutos de duração fluem com tranquilidade. A sonoridade que tudo teria para se distanciar do ouvinte soa muito mais próxima do que excludente.

 

Mare (2010)

1.Just Enough 03:36
2.Mare 05:38
3.A Day at the Racetrack 02:55
4.Stomper 03:13
5.Interlude 01:50
6.Still Racing 02:53
7.Ears 02:28
8.Ruth, My Sister 05:00
9.Travelers 03:58
10. In New Jersey 05:35

 

Nota: 8.4
Para quem gosta de: Real Estate, How To Dress Well e Beach House
Ouça: Just Enough, Ruth, My Sister e A Day at the Racetrack

 

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.